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segunda-feira, outubro 19, 2009

ROBERT MUGABE, O MEU ESCOLHIDO!

Por Viriato Caetano Dias

“Nós sempre temos a tendência de fantasiar as coisas que não existem, e de não ver as grandes lições que estão diante de nossos olhos” Paulo Coelho, escritor brasileiro.
Também não acho nele crime algum. Antes de julgarmos a quem quer que seja, seria bom que nós – os mortais – nos convencêssemos duma coisa, ninguém é santo por tantos e tão belos títulos neste vale de lágrimas. Somos todos pecadores diante do olho de Deus, e recomenda: “não faças aos outros, aquilo que não queres que te façam a ti”. Caso contrário, digo eu, passaríamos nós a ser os arguidos e não a pessoa que pretendemos acusar. Por mim, o Dr. Robert Mugabe está a ser vítima de um ódio diabólico e figadal por parte do seu principal detractor, a Inglaterra – numa praça pública – onde nem sequer o Filho de Deus escapou. São maus os homens!!!
A minha admiração por Robert Mugabe é muito antiga, tem a minha idade, porque sempre sonhei com um líder africano de calibre do presidente do Zimbabwe. Considero o Dr. Robert Mugabe o Fidel Castro do Zimbabwe e, porque não, herói mundial. Quer se queira quer não, este homem mudou a visão dos africanos em relação ao mundo e acabou duma vez por todas com a velha superstição de que nós – os africanos – somos eternos vassalos do Ocidente colonizador. Não somos nada disto, somos, pois, um povo valente e generoso, dono do nosso próprio destino! A história encarregar-se-á de o julgar. Cedo ou tarde, o tempo que é grande e mestre, o ilibará.
No seu livro, “Memória Viva”, Mário Soares fala da difícil missão de ser presidente da república / líder e afirma – sabiamente –, o seguinte: “todos os países conhecem momentos difíceis. Deve haver sempre uma alternância. Alguns políticos conhecem, no exercício das suas responsabilidades, situações muito mais delicadas; estão sobre o fio da navalha.” Robert Mugabe é um deles. Não é tarefa fácil dirigir pessoas, eu mais do que uma vez ouvi do meu povo nhungue este rifão: “é muito mais complicado dirigir pessoas do que cabritos”. Somente poucos escolhidos é que sentem na pele esta difícil missão. Que o diga o nosso diplomata-mor, Joaquim Chissano, cujo sapos engoliu durante o seu mandato, para manter a chama da paz e da democracia no país. É um dos acervos que guardo de Joaquim Chissano e que vale a pena fazer deles uma escola.
Disse lá mais para cima desta reflexão, e volto a dizer: admiro este homem – Robert Mugabe. O que eu ainda não tinha dito e que passo a dizer, é o facto dessa admiração ser revelada 1 ano depois da morte do meu mestre, Dr. David Aloni, o que me teria valido, confesso, “um puxão de orelhas”, mas nunca a minha expulsão da sua Academia, onde me formei ideologicamente quer no olhar crítico a ter sobre a vida, quer nas minhas peregrinações pelo mundo fora em busca do inesgotável conhecimento, da paz e da razão. Principalmente da razão. O Dr. Aloni, crítico da governação de Mugabe, ao contrário do que muitos poderão pensar, ter-me-ia amparado, caso necessitasse de oxigénio nesse diálogo. Que dizer então dos meus “irmãos”, filhos do mesmo “pai ideológico” que somos? Com certeza que me chamarão de traidor, de filho bastardo e ingrato. Não, não sou nada disto. Continuo a ser, porém, “filho ideológico” e fiel ao Dr. Aloni até aos fins dos meus dias. Na verdade, a vida só têm sentido quando apresentamos à plateia da sociedade as nossas ideias, as nossas diferenças, os nossos pontos de vista (estejamos ou não de acordo) elas são condimento certo para o diálogo, mas também para a pluralidade democrática que se pretende construir no país. Por maior sábio que possa existir, em momento algum devemos prostituir as nossas ideias, nem as nossas convicções, nem os nossos princípios, nem as nossas causas, afinal de contas ninguém é detentor único do conhecimento. Ninguém sabe tudo, nem há verdades absolutas. E quanto mais se estuda, disse José Hermano Saraiva, mais se descobre que se ignora.

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