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terça-feira, outubro 27, 2009

Diário de Campanha em Quelimane

Campanha não foi absolutament pacífica

A campanha eleitoral com vista às 4ªs eleições gerais e provinciais não foi absolutamente pacífica na cidade de Quelimane, tendo ocorrido cenas de tensão, entre os intervenientes no processo, sobretudo no último dia, domingo.
Para a Renamo, por exemplo, os últimos dias foram os mais difíceis da maratona, com registo de uma detenção e um ferido ligeiro, na sequência de um pequeno incidente entre a sua caravana e um grupo de choque da campanha da Frelimo.
Isto, conforme dados do porta-voz da Renamo, na Zambézia, Noé Mavereca, ocorreu na tarde do domingo passado, no bairro do Brandão, arredores da cidade de Quelimane.
A caravana da Renamo, que se deslocou ao campo “3 Fios”, foi confrontada por jovens do grupo de choque da campanha da Frelimo, quando passava do mercado do Brandão.
Conforme relatos, os jovens atiraram pedras contra a comitiva de militantes da Renamo, que desfilavam em direcção ao local escolhido para encerrar a campanha, tendo causando um ferido ligeiro, para além de alguns danos a uma das viaturas que seguia na caravana.
O pequeno incidente foi apenas um precedente para um fim complicado da maratona de “caça” ao voto do partido de Afonso Dhlakama, já que chegado ao campo “3 fios”, onde marcara encontro com o eleitorado, encontraram cartazes e panfletos afixados em todo o lado.
Mesmo assim, decidiram realizar o evento no local, alegando que tinham autorização. Mas quando estava tudo a postos para iniciar, eis que o secretário do bairro Brandão “invadiu” o local ordenado que o partido da “perdiz” se retirasse do campo, alegando que tinha sido reservado pela Frelimo.
Por seu turno, a comitiva de “caça” ao voto da Renamo impôs-se e realizou as suas actividades no local. O secretário do bairro contactou a Polícia da República de Moçambique (PRM), que de imediato deslocou-se ao campo de “batalha”, para aparentemente desalojar a Renamo.
Apesar dos constrangimentos, a campanha do partido simbolizado pela “perdiz” encerrou mesmo no local escolhido, mas já com a maioria da população que tinha afluído, a retirar-se antes de acompanhar os discursos, aparentemente retraídos pelo clima de tensão.
Mas no dia seguinte, alguém teve que pagar uma factura pesada, sendo que em conferência de imprensa, Leopordo Ernesto, membro da Renamo, denunciou a detenção arbitrária de um membro muçulmano, recolhido pela PRM quando regressava da Mesquita, pela manhã.
A Renamo alegou que o referido membro foi detido inocentemente, dado que nem sequer marcou presença na caravana, que se confrontou com o suposto grupo de choque do partido Frelimo.

MDM constrangido

O MDM não teve situações de gravidade, mas terminou a maratona constrangido com duas situações: primeiro com o vandalismo do seu material propagandístico. O MDM também foi muitas vezes espezinhado em plena campanha, numa situação em que enquanto afixavam panfletos e cartazes, apareciam membros da Frelimo, dizendo sem reservas que o material. Não ficaria nem 24 horas, porque logo em seguida seria removido.

Frelimo

A Frelimo teve um caminho muito mais desimpedido. As brigadas de “caça” ao voto, quando lideradas por Luísa Diogo, 1ª ministra e Carvalho Muária, governador e assumindo respectivamente as funções de chefe e chefe adjunto, eram acompanhadas com um aparato policial, que envolvia a escolta, criando um certa confusão se se tratava de uma missão governamental, ou de uma comitiva de campanha eleitoral.
Aliás, a PRM manifestou/se sempre favorável ao partido Frelimo, único que era acompanhado por agentes, e em alguns casos com escolta policial. O partido terminou a campanha sem qualquer caso de detenção, apesar de os seus militantes se terem envolvido em algumas escaramuças.
O delegado político da Delegação do MDM, na cidade, José Manuel, diz que viu frequentemente viaturas “4X4” de instituições públicas, desviando-se da sua actividade institucional, integrando-se na comitiva de campanha da Frelimo, desde o primeiro dia até ao fim do processo.

Fonte: Boletim sobre o processo político em Moçambique, Número 22, 27 de Outubro de 2009 de tarde

Nota: É interessante que AWEPA/CIP tenha agora inimigos assumidos. Coisas da nossa pátria, não acham?

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