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segunda-feira, agosto 17, 2009

Meios públicos em campanhas eleitorais (IV)

Por Edwin Hounnou
Em quase todas as instituições públicas, gabinetes de governadores, administradores e chefes de postos, directores e outros responsáveis da administração pública estão expostas insígnias, bandeiras, adornos que simbolizam a Frelimo. Até as esquadras policiais não escapam a tais práticas que incomodam o público que requer aqueles serviços. Isto está patente em quase todas as esquadras da cidade de Chimoio, que bandeirinhas, calendários da Frelimo ornamentam as paredes. É nesta cidade onde o ministro do Interior, José Pacheco, passa a maior parte do seu tempo, em actividades partidárias.
No que concerne aos assuntos políticos e administrativos do país, assemelha-se a um sistema de partido único, diz o mais recente relatório encomendado pela USAID. A preocupação pelo afunilamento do exercício democrático não é só dos moçambicanos, mas também dos doadores que drenam para Moçambique biliões de dólares, desde a Independência, fundos que servem para manter clãs e umas quantas famílias no poder. Se esses fundos forem para desenvolver o País e fortalecer a democracia, então, muita coisa tem que mudar. As regras do jogo devem ser outras para que, de facto, Moçambique seja Para Todos.
Se não for tomada nenhuma medida correctiva, conclui-se que os doadores fecham os olhos à má governação de Moçambique por alimentarem um grupo restrito de pessoas, extremamente ricas, ligadas ao poder enquanto o povo está a minguar na pobreza extrema. Em democracia, os governos são eleitos para servirem e não é permitido que os dignitários se sirvam a si próprios aproveitando-se das oportunidades que o cargo oferece.
Os órgãos de comunicação social do mundo inteiro dizem que o Presidente Barack Obama está de ferias numa das estâncias mais luxuosas do Estados Unidos e paga com o seu bolso, para si, sua mulher, duas filhas e seu cão. Fazem a mesma coisa os que nos governam? Pagam eles próprios as suas despesas ou empurram tudo para os cofres públicos?
Embora as autoridades refutem, com insistência, tais acusações, porém, é cada vez mais crescente o número de vozes queixando-se de que a filiação na Frelimo está a se tornar um pré-requisito basilar para emprego no sector público e progressão na carreira profissional. O ridículo está a atingir níveis alarmantes. Até na academia exige-se o cartão vermelho para ocupar um lugar de relevo. Isto representa um retrocesso porque tais tipo de discriminação havia sido muito ultrapassadas.
Exemplos que possam elucidar esta vergonhosa aberração não faltam. Quem quiser ficar bem com as chefias das instituições públicas, tem que fingir que seja da Frelimo. Desde que foi introduzido o sistema multipartidário, no ano de 1990, foram surgindo muitos partidos políticos, porém, até agora, a Frelimo ainda se mantém no poder. Isso não se deve ao bom desempenho, mas, à ausência de uma oposição séria e laboriosa e às manobras políticas encetadas pelo partido governamental. Parece haver uma tendência para o governo permitir cada vez menos espaço para a discordância política.
A Tribuna Fax, 13/08/09

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