Mais um intelectual moçambicano é entrevistado no bantulândia. Trata-se do jovem jornalista Arão Valoi*. Em apenas oito anos de carreira, ganhou três prémios jornalísticos. Um dos mais recentes é o Prémio de Melhor Reportagem sobre Direitos Humanos promovido pelo Instituto Marques do Valle Flor, em parceria com a União Europeia e o Sindicato Nacional de Jornalistas. Actualmente, presta o seu saber na Organização Internacional de Migração. Nesta entrevista, Valoi fala sobre o (não) contributo dos média moçambicanos na defesa dos direitos humanos. Num dos pontos, ele lembra que há jornalistas que não sabem da existência de instrumentos internacionais de direitos humanos. Josué Bila conduziu a entrevista.
Bantulândia - Qual tem sido o papel dos jornalistas moçambicanos na defesa de direitos humanos?
Valoi - Olha, em geral, os jornalistas moçambicanos tem contribuído muito pouco para a defesa dos direitos humanos, embora haja algum esforço individual em fazer denúncias sobre a sua violação. Essa fraca contribuição acontece devido a vários factores conjugados, sendo de destacar a falta de uma cobertura mais qualificada sobre temas de direitos humanos. A cobertura mediática qualificada encerra em si muitos aspectos. Refere-se, por exemplo, à formação ou capacitação em direitos humanos e depois a especialização sobre esse tema, o que ainda não acontece em Moçambique. Na verdade, a falta dessa qualificação acaba reduzindo de forma substancial o papel que os jornalistas, como agentes de mudança, deveriam ter na promoção e defesa dos direitos humanos, na sua visão universal e multidisciplinar. Mas também podemos ver essa questão na perspectiva da “importância” que os Media em Moçambique dão a assuntos ligados a direitos humanos. Normalmente, o que interessa aos media é o que, segundo eles, vende e rende e o que dá mais audiência. Nesse fenómeno, que uns o apelidam de sensacionalismo e o jornalista brasileiro José Arbex Jr.(2001) chama de showrnalismo, os factos são transformados em mercadoria, custe o que custar. Isto pode se aliar ao facto de a sociedade moçambicana, em geral, pouco escolarizada, alimentar este tipo de notícias, de tal forma que é o que mais se consome. Note que em Moçambique, uma falsa notícia, na capa de um jornal, sobre a recaptura de Anibalzinho (um dos criminosos mais mediáticos) pode vender mais do que uma verdade. Em oposição, também na capa, uma notícia sobre a falta de água, em Massangena (província de Gaza), não vende. É um pouco disto que, quanto a mim, faz desvirtuar o sentido do jornalismo ético.
clique aqui http://bantulandia.blogspot.com/2009/07/arao-valoi-jornalismo-mocambicano-nunca.html para continuar
Bantulândia - Qual tem sido o papel dos jornalistas moçambicanos na defesa de direitos humanos?
Valoi - Olha, em geral, os jornalistas moçambicanos tem contribuído muito pouco para a defesa dos direitos humanos, embora haja algum esforço individual em fazer denúncias sobre a sua violação. Essa fraca contribuição acontece devido a vários factores conjugados, sendo de destacar a falta de uma cobertura mais qualificada sobre temas de direitos humanos. A cobertura mediática qualificada encerra em si muitos aspectos. Refere-se, por exemplo, à formação ou capacitação em direitos humanos e depois a especialização sobre esse tema, o que ainda não acontece em Moçambique. Na verdade, a falta dessa qualificação acaba reduzindo de forma substancial o papel que os jornalistas, como agentes de mudança, deveriam ter na promoção e defesa dos direitos humanos, na sua visão universal e multidisciplinar. Mas também podemos ver essa questão na perspectiva da “importância” que os Media em Moçambique dão a assuntos ligados a direitos humanos. Normalmente, o que interessa aos media é o que, segundo eles, vende e rende e o que dá mais audiência. Nesse fenómeno, que uns o apelidam de sensacionalismo e o jornalista brasileiro José Arbex Jr.(2001) chama de showrnalismo, os factos são transformados em mercadoria, custe o que custar. Isto pode se aliar ao facto de a sociedade moçambicana, em geral, pouco escolarizada, alimentar este tipo de notícias, de tal forma que é o que mais se consome. Note que em Moçambique, uma falsa notícia, na capa de um jornal, sobre a recaptura de Anibalzinho (um dos criminosos mais mediáticos) pode vender mais do que uma verdade. Em oposição, também na capa, uma notícia sobre a falta de água, em Massangena (província de Gaza), não vende. É um pouco disto que, quanto a mim, faz desvirtuar o sentido do jornalismo ético.
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Amigo Reflectindo,
ResponderEliminarSe os jornalistas moçambicanos não contribuem para a defesa dos direitos humanos, de facto abrem um niche naquela fatia do mercado de informações. Esse vácuo de presença pode ser compensado pelos blogs e blogeiros, que com informações actuais e gratuitas sobre a situação dos direitos humanos em tudo o mundo atingem seu ilustre público. A falta de uma cobertura qualificada na comunicarão social tradicional de Moçambique sobre temas de direitos humanos mostra também uma certa ignorância económica de alguns jornalistas, que quase voluntariamente transferiam seus postos de trabalho aos blogeiros. Com a frustração dos seus próprios clientes, preparem a autodestruição de sua base tradicional de receitas. Formado ou não formado em direitos humanos, finalmente funcionam as leis do mercado: os bons substituíram os medíocres. Por isso eu digo: Viva os blogeiros.
Um abraço
Oxalá
Amigo Oxalá
ResponderEliminarPara confessar, quando comecei a receber os artigos de Josué Bila sobre direitos humanos não receei em passar a publicar no Reflectindo. O objectivo realmente do blog é que eu faca algo que sirva aos compatriotas.
De facto, em muitas sociedades onde o Estado de Direito se observa, os jornalistas são guardas/observadores dos direitos humanos. São jornalistas que denunciam sempre que eles são violados sobretudo pelo poder instituido. Por exemplo, a violacão dos direitos humanos aos refugiados e outras camadas económica e socialmente vulneráveis é sempre denunciada pela imprensa e a justiça logo age.
É pouco o que fazemos na blogsfera, mas é importante assumirmos a tarefa de defesa dos direitos humanos. Quem sabe, talvez este seja também o meio para convidar e estimular os jornalistas a assumirem a sua missão.
Caro refletindo,
ResponderEliminarMuito obrigado por continuares a publicar o meu blogue, o bantulandia, e os meus escritos e entrevistas. Muito obrigado mesmo!
Khanimambo pela atencao
Josué Bila
www.bantulandia.blogspot.com
Caro Josué Bila
ResponderEliminarDe nada, meu caro compatriota e amigo. A luta pelos direitos humanos inspira-me e faz parte dos meus deveres.
Um abraço