Por Domingos Alexandre Simbine
Por vezes pergunto a mim mesmo, se vale a pena continuar a questionar as atitudes corruptas dos nossos dirigentes. Como que a não encontrar respostas, fico-me pela ideia de que, bom, Deus nos tem dado os dirigentes que merecemos. É-me difícil continuar a exigir que os nossos dirigentes sejam pessoas honestas e transparentes, quando como povo não temos cultura de honestidade nem de transparência. Quantos chefes de família partilham os seus rendimentos e despesas de forma aberta e transparente com as suas famílias?
Aliás, quantos filhos conhecem os salários de seus pais e a forma como os mesmos são distribuídos pelas despesas a cada fim do mês? Quantos homens constroem mansões ou compram viaturas para amantes por aí e à revelia das suas famílias? Quantos homens em Moçambique sabem que o que eles ganham não é somente propriedade sua, mas sim, propriedade dos seus lares. Quantos chefes de família estão preparados para prestar contas às suas famílias (lares) sobre o que fazem ou devem fazer com os rendimentos que auferem? Quantos de nós têm consciência de que a herança da viúva lhe pertence a si a seus dependentes e não aos familiares do defunto marido? Quantos homens estariam preparados para abdicar dum copo de cerveja com amigos e amantes, para garantir que seja acesa a fogueira em casa?
Portanto, sendo a família a célula básica da sociedade e onde é forjado o homem do amanhã, torna-se-me difícil compreender que, não havendo honestidade nem transparência na sua gestão, possa haver uma boa gestão da coisa pública por um governo constituído por homens e mulheres nela forjados. Olho para um governo como uma imagem da família e percebo que as coisas acontecem da mesmíssima forma. A família é um país em miniatura e se não conseguimos governar uma família, jamais seremos capazes de governar uma Nação. Ou seja, sendo os dirigentes oriundos destas familias, muitas vezes dominadas por esses vícios e desprovidas de valores morais, há-de sempre ser difícil que estes (os nossos merecidos dirigentes) ajam de forma diferente.
Até porque, poucos pais são capazes de medir a dimensão do impacto de dizer aos seus filhos, estudem para que amanhã sejam gente e ter uma vida melhor. Não que seja mau fazer isso, mas, na minha opinião, abre-se um precedente para que, muitos de nós ao ir à escola, pensemos no nosso bem-estar e quase nunca no bem-estar dos outros. Muitos de nós, estudamos para ter um bom emprego e uma vida melhor. A gente carrega isso nas cabeças e é algo que faz parte da gente. Se os pais dissessem aos seus filhos “estudem para ajudar Moçambique a vencer a pobreza”, por exemplo, não só estariam desta forma ajudar os filhos a lutar para construir a sua própria personalidade, mas também e sobretudo, a preparar cidadãos patriotas e comprometidos com as causas do seu povo. Estariam a preparar os dirigentes do futuro, preocupados em resolver os problemas do povo e não em ter um bom emprego e uma 4X4 para sair com a família no fim-de-semana, ou ainda uma mansão no Belo Horizonte, quando a maioria do povo chupa o dedo. É preciso que as famílias se preocupem em preparar dirigentes do futuro, sensíveis aos problemas do povo – dirigentes que não se conformam com a miséria e com a penúria a que a maioria do povo está sujeita.
Hoje em dia vivemos em uma sociedade do salve-se quem puder. As pessoas pouco se importam com o sofrimento da maioria da nossa população. Ninguém se importa com a qualidade dos serviços de Saúde, Educação ou com a segurança do povo, pois a maioria dos dirigentes quando está doente vai a uma clínica de luxo na África do Sul, Portugal, Brasil ou França. E se preferirem, os filhos da maioria dos nossos dirigentes frequentam os melhores colégios e universidades pelo mundo fora, porque o nosso ensino é de péssima qualidade, onde as crianças, mesmo com 7ª classe ainda não sabem ler nem escrever. E nós, o povo, assistimos a tudo isto e achamos normal.
Por vezes pergunto a mim mesmo, se vale a pena continuar a questionar as atitudes corruptas dos nossos dirigentes. Como que a não encontrar respostas, fico-me pela ideia de que, bom, Deus nos tem dado os dirigentes que merecemos. É-me difícil continuar a exigir que os nossos dirigentes sejam pessoas honestas e transparentes, quando como povo não temos cultura de honestidade nem de transparência. Quantos chefes de família partilham os seus rendimentos e despesas de forma aberta e transparente com as suas famílias?
Aliás, quantos filhos conhecem os salários de seus pais e a forma como os mesmos são distribuídos pelas despesas a cada fim do mês? Quantos homens constroem mansões ou compram viaturas para amantes por aí e à revelia das suas famílias? Quantos homens em Moçambique sabem que o que eles ganham não é somente propriedade sua, mas sim, propriedade dos seus lares. Quantos chefes de família estão preparados para prestar contas às suas famílias (lares) sobre o que fazem ou devem fazer com os rendimentos que auferem? Quantos de nós têm consciência de que a herança da viúva lhe pertence a si a seus dependentes e não aos familiares do defunto marido? Quantos homens estariam preparados para abdicar dum copo de cerveja com amigos e amantes, para garantir que seja acesa a fogueira em casa?
Portanto, sendo a família a célula básica da sociedade e onde é forjado o homem do amanhã, torna-se-me difícil compreender que, não havendo honestidade nem transparência na sua gestão, possa haver uma boa gestão da coisa pública por um governo constituído por homens e mulheres nela forjados. Olho para um governo como uma imagem da família e percebo que as coisas acontecem da mesmíssima forma. A família é um país em miniatura e se não conseguimos governar uma família, jamais seremos capazes de governar uma Nação. Ou seja, sendo os dirigentes oriundos destas familias, muitas vezes dominadas por esses vícios e desprovidas de valores morais, há-de sempre ser difícil que estes (os nossos merecidos dirigentes) ajam de forma diferente.
Até porque, poucos pais são capazes de medir a dimensão do impacto de dizer aos seus filhos, estudem para que amanhã sejam gente e ter uma vida melhor. Não que seja mau fazer isso, mas, na minha opinião, abre-se um precedente para que, muitos de nós ao ir à escola, pensemos no nosso bem-estar e quase nunca no bem-estar dos outros. Muitos de nós, estudamos para ter um bom emprego e uma vida melhor. A gente carrega isso nas cabeças e é algo que faz parte da gente. Se os pais dissessem aos seus filhos “estudem para ajudar Moçambique a vencer a pobreza”, por exemplo, não só estariam desta forma ajudar os filhos a lutar para construir a sua própria personalidade, mas também e sobretudo, a preparar cidadãos patriotas e comprometidos com as causas do seu povo. Estariam a preparar os dirigentes do futuro, preocupados em resolver os problemas do povo e não em ter um bom emprego e uma 4X4 para sair com a família no fim-de-semana, ou ainda uma mansão no Belo Horizonte, quando a maioria do povo chupa o dedo. É preciso que as famílias se preocupem em preparar dirigentes do futuro, sensíveis aos problemas do povo – dirigentes que não se conformam com a miséria e com a penúria a que a maioria do povo está sujeita.
Hoje em dia vivemos em uma sociedade do salve-se quem puder. As pessoas pouco se importam com o sofrimento da maioria da nossa população. Ninguém se importa com a qualidade dos serviços de Saúde, Educação ou com a segurança do povo, pois a maioria dos dirigentes quando está doente vai a uma clínica de luxo na África do Sul, Portugal, Brasil ou França. E se preferirem, os filhos da maioria dos nossos dirigentes frequentam os melhores colégios e universidades pelo mundo fora, porque o nosso ensino é de péssima qualidade, onde as crianças, mesmo com 7ª classe ainda não sabem ler nem escrever. E nós, o povo, assistimos a tudo isto e achamos normal.
Como se não bastasse, a cada eleição voltamos às urnas e legitimamos estas incongruências com o nosso voto inconsciente, pois eles são os dirigentes que Deus nos destinou.
Mais não disse, nem sequer quis dizer.
Fonte: Retirado do Jornal Notícias, ver aqui, e publico-o no Reflectindo sobre Mocambique com a devida vénia do autor do artigo de opinião.
Nota: Há dois meses atrás eu estava a falar com alguns políticos da praca e falei-lhe sobre isto que Domingos Simbine escreve: a questão da justica, por exemplo em país como Suécia. A crianca cresce sabendo distinguir justica e injustica. Ela clama textualmente pela justica em casa, se os paíises lhe trata mal, se nota que o tratamento entre irmãos é diferente. Por exemplo quando os paises compram doces têm o cuidado de dividir por igual para todos os filhos. Na cresce, no ensino básico, secundário a crianca ou adolescente fala de justica e injustica, o mesmo é quanto à democracia e influência tanto da crianca na vida da família como da escola, o direito à opinião. E por outro lado a exigência da sociedade em sim para honestidade como parte da cidadania está em fasquia alta.
Portanto, Domingos Simbine levanta aqui um problema que deviamos reflectir e discutir pensando no futuro da nossa sociedade.
Realmente, se a gestao da familia se equipara ao de uma naçao, estamos mesmo mal!!!
ResponderEliminarCara Xim, Domingos Simbine chama-nos à atencão, pois é fácil falarmos do mal sem vermos as causas. Mas aqui pode haver uma outra batalha, pois exige-nos mudar a maneira de gestão das nossas famílias, dos certos hábitos, de certa mentalidade.
ResponderEliminarVamos a ver se muitos querem reflectir sobre isto.
Reflectindo,
ResponderEliminarinteressante esta reflexao do DS. De facto
Caro Mutisse, a reflexão do Domingos Simbine é muito interessante. A questão é como podemos capitalizá-la.
ResponderEliminarA questão é realmente como podemos capitalizá-la.
ResponderEliminarAcabo de postar o meu "ORIGEM DOS DIRIGENTES CORRUPTOS: Oque Simbine disse e não disse" onde procuro entender oque Simbine disse
ResponderEliminarCaro Nelson, vou para o meu mundo agora. Essa é uma das formas de capitalizar isso. É cada um fazendo o que está ao seu alcance.
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