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terça-feira, março 31, 2009

CNE em berço dourado


Crispação

Por Marcelo Machava

Em plena crise económica e financeira que assola até os países que há anos têm tido compaixão dos mais pobres como os moçambicanos, o Governo da Frelimo não pensou duas vezes para tomar uma medida no mínimo absurda.

O anúncio da atribuição de estatuto de um ministro ao presidente da Comissão Nacional de Eleições e de vices-ministros aos vogais deste órgão parece não ter sido bem aprofundada do ponto de vista económico-financeiro, se tomarmos em linha de conta o verdadeiro encargo financeiro que um ministro, incluindo viceministros, representa para o Estado.

Para além do gordo salário acomodado por infindáveis bónus, regalias, subsídios, etc., existem ainda vários outros bens matérias que o Estado tem a obrigação de atribuir ao ministro, nomeadamente residência condigna, viaturas protocolares, entre outros, cujo orçamento não condiz com a situação em que vive a maioria dos moçambicanos.

Para ser mais directo, mais de 60 porcento de moçambicanos têm ainda problemas básicos, nomeadamente carência de água potável, cuidados de saúde, incluindo a própria alimentação.

Porque não orientar esses recursos que o Estado está cada vez mais a concentrar a indivíduos seleccionados, para minimizar o sofrimento dessa gente?

No mesmo dia em que o Conselho de Ministro anunciou a sua ridícula decisão, assistiu num canal televisivo local, um representante do Fundo Monetário Internacional a dizer que o Governo moçambicano devia, no contexto da recessão económica mundial, tomar medidas que favorecessem às camadas vulneráveis através, por exemplo de projectos de comida por trabalho. A Comissão Nacional de Eleições é um órgão aparentemente muito relaxado apesar de incidir sobre si uma enorme responsabilidade. As nossas eleições acontecem entre períodos longos e o Estado quer acomodar a funcionários deste órgão numa incubadora dourada.

Mas porque só pensam em melhorar sempre as condições dos chefes? Esse febre até atingiu o próprio Parlamento. Quando se trata de discutir sobre seus proveitos, os deputados também não têm mãos a medir.

DIÁRIO DE NOTÍCIAS - 27.03.2009

Retirado do Mocambique para todos, aqui

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