Carta a Muitos Amigos
Por Sérgio Vieira
Passaram-se quarenta anos desde o dia em que uma bomba, preparada na Beira pelo sinistro inspector da PIDE, Casimiro Monteiro, assassinou Eduardo Chivambo Mondlane, Presidente da Frelimo. Muito do que descrevo já o Presidente Chissano declarou na Assembleia da República, pareceu-me pois útil, no meu exercício de memória, pôr os pontos nos is , para ajudar o fim da especulação com boa ou má fé. A essência dos dados, incluindo a origem da bomba, na época, a INTERPOL a pedido do governo tanzaniano investigou e difundiu.
Casimiro Monteiro, de origem goesa, preparou na Beira um livro com uma bomba armadilhada, numa obra do marxista Plekhanov. Ignora-se quem o instruiu para tal. No Malawi, no consulado português em Blantyre, dirigido por Jaime Pombeiro de Sousa, um associado de Jorge Jardim, Orlando Cristina entregou um pacote a um sacerdote belga, o Padre Pollet, que missionara muitos anos em Sofala e aí travara amizade com o Padre Mateus Pinho Gwenjere. Orlando Cristina pediu ao Padre Pollet, que ia para Songea, que levasse o embrulho para essa fronteira e aí buscasse alguém da FRELIMO, para que o remetesse a Silvério Nhungu ou a Urias Timóteo Simango em Dar-es-Salam. Assim fez o sacerdote e, encontrando na fronteira Samuel Rodrigues Dhlakama, que já conhecia, solicitou-lhe que entregasse o volume a Simango ou Nhangu.
De nenhum modo se pode afirmar que o Padre Pollet, com quem ainda falei depois do assassinato de Mondlane, conhecesse o conteúdo e o objectivo do embrulho. Ele mencionou-me que Cristina lhe entregara e o remetera a Samuel Rodrigues Dhlakama, que encontrara por acaso. Igualmente nunca se encontraram quaisquer dados sobre o envolvimento do Cônsul Jaime Pombeiro de Sousa, que dirigia o Consulado em Blantyre. O Padre Pollet disse-me que, após os eventos, as circunstâncias lhe criaram suspeição, encontro no consulado português e entrega do embrulho por Cristina, conhecido como agente português. Ele, como missionário, na região de Sena, necessitava de estar em contacto com as autoridades e sempre que ia a Blantyre, cumprimentava o cônsul ou outro representante do consulado. Se revoltado pela sua instrumentalização, se pela idade ou saúde, o Padre Pollet retirou-se de Moçambique.
Chegado a Dar-es-Salaam, Samuel Rodrigues Dhlakama telefonou a Nhungu, que lhe marcou um encontro num quarto de hotel (não me recordo do nome), que ficava junto à representação do MPLA em Dar-es-Salaam. Dhlakama entregou o embrulho a Nhangu, que estava acompanhado por Simango. Num dos dias seguintes, quando o Presidente Mondlane estava a sair do escritório, dirigindo-se para Oyster Bay, para casa de Betty King, onde trabalhava muitas vezes na ausência dela e do marido, o escritor Willy Sunderland, Nhungu voltou-se para uma camarada, a Rosária,que estava afectada à nossa representação na capital tanzaniana e disse: Corre para o carro do Presidente e entrega-lhe este embrulho. Esqueci-me de lhe dar. Tratava-se de um volume, com a forma de um livro, embrulhado sob a forma de um livro, com selos soviéticos e tanzanianos, e endereçado ao Presidente. Ao abrir o pacote a armadilha funcionou, matando Mondlane instantaneamente, a bomba dilacerou-lhe o tórax.
Dlakama quando transportou o embrulho, este estava dirigido a Nhungu e não se assemelhava a um objecto chegado via correio, segundo declarou a uma comissão de inquérito. A Rosária, segundo também declarou à mesma comissão, lembra-se que recebeu um pacote, com a aprência de vindo através dos correios, com selos e carimbos, endereçado a Mondlane. Pessoalmente, Samuel Dlakama e Rosária, além de outras pessoas, confirmaram este factos e a comissão de inquérito, que eu dirigi, constatou, por unanimidade, não haver qualquer indício que apontasse para o facto de eles não haverem agido de boa fé ou conhecessem o conteúdo do pacote antes do evento fatal, embora houvessem transmitido, depois dos eventos, suspeitas sobre o conteúdo. A Comissão considerou-os livres de qualquer suspeita e inocentes.
Simango e alguns dos seus colaboradores reconheceram os factos, embora Simango declarasse ao CC, em Abril de 1969, que ignorava o conteúdo do embrulho entregue a Silvério Nhungu, na sua presença no hotel.
Lázaro afirmou, a amigos e correligionários em Mtwara, a 1 de Fevereiro de 1969, que havia recebido um telefonema de Simango, nas vésperas do assassinato de Mondlane, para estarem atentos e fazerem uma festa quando recebessem boas notícias.
Fizeram a festa a 3 de Fevereiro depois de receberem um telefonema de Dar-es-Salaam! Quando procurado pela polícia tanzaniana, Lázaro atravessou a fronteira e entregou-se às forças armadas coloniais com alguns dos seus colegas, iniciando então uma actividade colaboracionista com o inimigo, indicando a este onde bombardear aldeias, escolas, hospitais e fazendo apelos à deserção através da rádio e gravações difundidas por altifalantes nos aviões.
O assassinato de Mondlane pelos colonialistas não se tratou de um caso único, infelizmente. Os assassinatos de Mondlane e Amílcar Cabral, respectivamente em 1969 e 1973, o ataque à República da Guiné em 1970, ocorreram durante o consulado de Marcello Caetano. Dificilmente se pode aceitar que o Presidente do Conselho de Ministros ignorasse estas acções e não as houvesse caucionado antes, ou depois.
Espero que os factos, que se podem verificar, ajudem a separar o trigo do joio e contribuam para pôr termo aos mitos de heroicidade de traidores e de satanismo de inocentes.
Um abraço a todos que prezam os ensinamentos de Mondlane.
P.S.: Lamento, depois de celebrarmos a memória do grande lutador Martin Luther King Jr., o plagiador local do sonho abandone o seu ponto de referência e revista-se do manto de Obama de Moçambique.
Como escreveu Engels, quando a História se repete, fá-lo como caricatura.
Precisa Moçambique, a democracia Nacional e a FRELIMO dum verdadeiro número um à cabeça da oposição, um histrião não serve. Consta que o edil da Beira se prepara para organizar um verdadeiro partido que agregue as forças sãs da oposição, que merece melhor.
A expulsão que vitimou o edil não conta. Coragem engenheiro e como César atravessando o Rubicão, saiba galgar o Chiveve.
Um abraço à seriedade e ao patriotismo, SV
DOMINGO - 08.02.2009
Retirado na sua íntegra do Moçambique para todos
Nota do Reflectindo:
Releiam a carta de Sergio Vieira e reflictam comigo
Por Sérgio Vieira
Passaram-se quarenta anos desde o dia em que uma bomba, preparada na Beira pelo sinistro inspector da PIDE, Casimiro Monteiro, assassinou Eduardo Chivambo Mondlane, Presidente da Frelimo. Muito do que descrevo já o Presidente Chissano declarou na Assembleia da República, pareceu-me pois útil, no meu exercício de memória, pôr os pontos nos is , para ajudar o fim da especulação com boa ou má fé. A essência dos dados, incluindo a origem da bomba, na época, a INTERPOL a pedido do governo tanzaniano investigou e difundiu.
Casimiro Monteiro, de origem goesa, preparou na Beira um livro com uma bomba armadilhada, numa obra do marxista Plekhanov. Ignora-se quem o instruiu para tal. No Malawi, no consulado português em Blantyre, dirigido por Jaime Pombeiro de Sousa, um associado de Jorge Jardim, Orlando Cristina entregou um pacote a um sacerdote belga, o Padre Pollet, que missionara muitos anos em Sofala e aí travara amizade com o Padre Mateus Pinho Gwenjere. Orlando Cristina pediu ao Padre Pollet, que ia para Songea, que levasse o embrulho para essa fronteira e aí buscasse alguém da FRELIMO, para que o remetesse a Silvério Nhungu ou a Urias Timóteo Simango em Dar-es-Salam. Assim fez o sacerdote e, encontrando na fronteira Samuel Rodrigues Dhlakama, que já conhecia, solicitou-lhe que entregasse o volume a Simango ou Nhangu.
De nenhum modo se pode afirmar que o Padre Pollet, com quem ainda falei depois do assassinato de Mondlane, conhecesse o conteúdo e o objectivo do embrulho. Ele mencionou-me que Cristina lhe entregara e o remetera a Samuel Rodrigues Dhlakama, que encontrara por acaso. Igualmente nunca se encontraram quaisquer dados sobre o envolvimento do Cônsul Jaime Pombeiro de Sousa, que dirigia o Consulado em Blantyre. O Padre Pollet disse-me que, após os eventos, as circunstâncias lhe criaram suspeição, encontro no consulado português e entrega do embrulho por Cristina, conhecido como agente português. Ele, como missionário, na região de Sena, necessitava de estar em contacto com as autoridades e sempre que ia a Blantyre, cumprimentava o cônsul ou outro representante do consulado. Se revoltado pela sua instrumentalização, se pela idade ou saúde, o Padre Pollet retirou-se de Moçambique.
Chegado a Dar-es-Salaam, Samuel Rodrigues Dhlakama telefonou a Nhungu, que lhe marcou um encontro num quarto de hotel (não me recordo do nome), que ficava junto à representação do MPLA em Dar-es-Salaam. Dhlakama entregou o embrulho a Nhangu, que estava acompanhado por Simango. Num dos dias seguintes, quando o Presidente Mondlane estava a sair do escritório, dirigindo-se para Oyster Bay, para casa de Betty King, onde trabalhava muitas vezes na ausência dela e do marido, o escritor Willy Sunderland, Nhungu voltou-se para uma camarada, a Rosária,que estava afectada à nossa representação na capital tanzaniana e disse: Corre para o carro do Presidente e entrega-lhe este embrulho. Esqueci-me de lhe dar. Tratava-se de um volume, com a forma de um livro, embrulhado sob a forma de um livro, com selos soviéticos e tanzanianos, e endereçado ao Presidente. Ao abrir o pacote a armadilha funcionou, matando Mondlane instantaneamente, a bomba dilacerou-lhe o tórax.
Dlakama quando transportou o embrulho, este estava dirigido a Nhungu e não se assemelhava a um objecto chegado via correio, segundo declarou a uma comissão de inquérito. A Rosária, segundo também declarou à mesma comissão, lembra-se que recebeu um pacote, com a aprência de vindo através dos correios, com selos e carimbos, endereçado a Mondlane. Pessoalmente, Samuel Dlakama e Rosária, além de outras pessoas, confirmaram este factos e a comissão de inquérito, que eu dirigi, constatou, por unanimidade, não haver qualquer indício que apontasse para o facto de eles não haverem agido de boa fé ou conhecessem o conteúdo do pacote antes do evento fatal, embora houvessem transmitido, depois dos eventos, suspeitas sobre o conteúdo. A Comissão considerou-os livres de qualquer suspeita e inocentes.
Simango e alguns dos seus colaboradores reconheceram os factos, embora Simango declarasse ao CC, em Abril de 1969, que ignorava o conteúdo do embrulho entregue a Silvério Nhungu, na sua presença no hotel.
Lázaro afirmou, a amigos e correligionários em Mtwara, a 1 de Fevereiro de 1969, que havia recebido um telefonema de Simango, nas vésperas do assassinato de Mondlane, para estarem atentos e fazerem uma festa quando recebessem boas notícias.
Fizeram a festa a 3 de Fevereiro depois de receberem um telefonema de Dar-es-Salaam! Quando procurado pela polícia tanzaniana, Lázaro atravessou a fronteira e entregou-se às forças armadas coloniais com alguns dos seus colegas, iniciando então uma actividade colaboracionista com o inimigo, indicando a este onde bombardear aldeias, escolas, hospitais e fazendo apelos à deserção através da rádio e gravações difundidas por altifalantes nos aviões.
O assassinato de Mondlane pelos colonialistas não se tratou de um caso único, infelizmente. Os assassinatos de Mondlane e Amílcar Cabral, respectivamente em 1969 e 1973, o ataque à República da Guiné em 1970, ocorreram durante o consulado de Marcello Caetano. Dificilmente se pode aceitar que o Presidente do Conselho de Ministros ignorasse estas acções e não as houvesse caucionado antes, ou depois.
Espero que os factos, que se podem verificar, ajudem a separar o trigo do joio e contribuam para pôr termo aos mitos de heroicidade de traidores e de satanismo de inocentes.
Um abraço a todos que prezam os ensinamentos de Mondlane.
P.S.: Lamento, depois de celebrarmos a memória do grande lutador Martin Luther King Jr., o plagiador local do sonho abandone o seu ponto de referência e revista-se do manto de Obama de Moçambique.
Como escreveu Engels, quando a História se repete, fá-lo como caricatura.
Precisa Moçambique, a democracia Nacional e a FRELIMO dum verdadeiro número um à cabeça da oposição, um histrião não serve. Consta que o edil da Beira se prepara para organizar um verdadeiro partido que agregue as forças sãs da oposição, que merece melhor.
A expulsão que vitimou o edil não conta. Coragem engenheiro e como César atravessando o Rubicão, saiba galgar o Chiveve.
Um abraço à seriedade e ao patriotismo, SV
DOMINGO - 08.02.2009
Retirado na sua íntegra do Moçambique para todos
Nota do Reflectindo:
Releiam a carta de Sergio Vieira e reflictam comigo
Deu para reflectir ... palavras faltam me ... uma atitude muito bonita, a Frelimo comeca a revelar a nossa historia ... Que isto nao aconteca so nos tempos de discordia mas de concordia.
ResponderEliminarMais uma vez, Viera nao tem nada que indique que Simango era um traidor a patria (nao pretendo dizer que ele nao fora)
Esta mais do que claro que Lazaro eh um traidor a patria, mas nao foi dado o direito
Ao Vieira dizer que, enquanto a Frelimo nos for oferecendo a nossa historia aos bocados, sofre o risco de ver seus inimigos historicos martirizados por um povo ignorante mas em busca de herois. Dizer tambem que nem todos inimigos da Frelimo eram inimigos do povo Mocambicano, que um Estado de direito seja separado de uma forca militar ou politica
Caro Laude, fico feliz por saber que li o artigo como o leste. Senti que foi uma forma de uma versão muito diferente da que ouviamos há anos sobre a história o assassinato de Eduardo Mondlane. É bom passo rumo à verdadeira reconciliação. Porém, como escreveste, Sérgio Vieira é um pouco tímido quanto à declaração de inocência de Urias Simango. No fundo, Sérgio Vieira inocenta Simango.
ResponderEliminarNão sei se notaste que o tal Lázaro é fictício? Vê que se Sérgio Vieira escreveu todos os nomes rigososamente com apelidos, este não é o caso do Lázaro. Porquê Sérgio Vieira não escreveu o apelido do Lázaro. Eu acho que este é um nome fictício, evitando que todos entendam que Sérgio Vieira inocenta Urias Simango do que ele foi acusado pelos revolucionários por muitos anos.
caros Reflectindo e Laude, o Lazaro a k SV se refere ee Kavandame. Ele era muitas vezes tratado pelo primriro nome.
ResponderEliminarVoces nao dizem em que ee que Simango ee inocentado. De ter criado o MRUP quando ainda era vice, com o objectivo de subverter a ordem intera da Frente? De se ter aliado aos colonos no 7 de Setembro, provocando grande derramamento de sangue em LM? De ter negociado uma invasao ao paiis pelos regimes racistas da regiao? De ter escrito um delirante comunicado de guerra proclamando que havia morto centenas de guerrillheiros da FRELIMO?
Em que ee que S V inocenta Simango?
Mesmo o panfleto k publicou em 1970, tendo em conta o contexto de guerra e da possibilidade de desmobilizar combatentes e apoios externos, nao poderia ser classificado como traicoeiro?
Viriato Tembe
Caro Viriato
ResponderEliminarEu estranho ainda e nem posso concordar que Sérgio Vieira refira neste texto a Lázaro Nkavandame. Se é que ele refere a ele, há que nos interrogar do porquê ele ocultou o seu apelido.
O facto de ele ter se tratado muitas vezes pelo seu primeiro nome não pode ser motivo plausível para Sérgio Vieira ocultar neste texto o apelido Nkavandame que tanto fomos feitos a cantar e sobretudo porque os outros nomes como Samuel Rodrigues Dhlakama, Mateus Pinho Gwenjere, Urias Timóteo Simango, Sivério Nungo, etc.
Onde Sérgio Vieira inocenta Urias Simango?
Espero que o meu caro amigo esteja concentrado no texto de Sérgio Vieira ou deste seja a base da discussão. E neste é sobre o assassinato de Eduardo Mondlane. Se atentos, este texto chama-nos pelo facto de Sérgio Vieira falar-nos aqui de inocentados pela comissão de inquérito, que ele dirigiu, afinal ele também dirigiu a do assassinato de Eduardo Mondlane?!
Sérgio Vieira não diz quais eram os factos que Urias Simango e seus colaboradores haviam reconhecido. Quem foram esses colaboradores de Simango? E o que SV queria dizer com colaboradores? Qual foi a base de identificação dos colaboradores de Urias Simango?
Por outro lado, toda a história quanto ao trajecto da bomba suscita algumas perguntas. Seria importante se Samuel Dhlakama, a Rosária (?), Padre Pollet estivessem vivos para contarem-nos a história. Os padres são atenciosos no registo dos factos, será que o Padre Pollet não deixou algo? A outra questão é de segundo a história, a bomba ter passado por muitas mãos, parece incrível sem eu negar que seja a verdade.
Quanto aos outros pontos que colocas, parece-me não estarem mencionados no texto de Sérgio Vieira. Com isto não quero dizer que não sejam importantes, porém, eu gostaria que nos desses referências onde podemos consultar para discutirmos com base. O livro inteiro de Barnabé Lucas Ncomo não tenho. Agora estou a espera do livro de João Cabrita que encomendei do Reino Unido, e assim discutimos bem sobre alguns pontos. Os nossos investigadores nos torturam, nós com vontade de aprender, pois não seria mau se eles publicassem tudo num website. Ou é a questão de dinheiro??? Como resolveria-se o tal problema.
Ocorre-me uma pergunta, porquê se formou o triunvirato em vialocao dos estatutos da Frelimo na altura, colocando-se em peso a ala comunista a qual Mondlane não se orientava?
Aproveitando a tua disponibilidade, sabes quem foi Verónica reaccionária. Eu não sei ainda e parece-me que ninguém reivindica por ela.
Um abraço dominical
Estou numa cerimónia. Só quero comentar um aspecto. Porquê Simango ficou espartilhado num triunvirato? Muito simples. Simango nâo foi eleito vice na mesma chapa k Mondlane. Ele foi concorrente de Mondlane nas eleições para a presidência da FRELIMO nos dois primeiros congressos. Ele ficou vice por magnanimidade de Mondlane.
ResponderEliminarSimango nunca foi eleito vice. Foi sempre NOMEADO vice. Agora, como é que as pessoas que fizeram eleger Mondlane e derrotaram Simango iam aceitar k o adversário político e ideológico k derrotaram chegasse à liderança da FRELIMO?
Viriato Tembe
Amigo Reflectindo, qual ee o outro Lazaro que vivia em Mtwara e que em 1969 desertou para os portugueses? Conhece outro Lazaro que tenha sido amplamente -usado pela propaganda psico-social portuguesa para desmobilizar os combatentes, sobretudo macondes? O unico Lazaro que eu conheco que desertou a partir de Mtwara, na sequencia da morte de Nkakhomba ee o Nkavandame.
ResponderEliminarSimango nao ee traidor soo por ter morto Mondlane. A sua traicao ee documentada por um conjunto de factos, alguns dos quais alistei acima. Muitos teem querido apresentar Simango como aliado ideologico de Mondlane. Nada mais falso. Ele liderava uma ala que se opunha a Mondlane. Entre os aliados de Simango contavam-se Gwengere, Nkavandame, Nungo e outros. O mais fiell era Nungo. Os outros dois aliados tinham agendas proprias.
A correspondencia de Mondlane revela esta realidade. Ee pena k a parte mais interessante dessas cartas tarde a vir a publico.
Seja como for, os livros ja publicados revelam parte destes ffactos (biografia da Janeth, Nkomo...)
Viriato Tembe
Amigo Viriato, ainda não julgo satisfazeres a minha indignacão pelo facto de Sérgio Vieira ocultar o apelido do Lázaro. Parece-me não estares a estranhar como o faco. Eu nao li ainda o livro todo de Ncomo para eu saber se Nkavandame saiu de Mtwara precisamente nos dias deste Lázaro de que Sérgio Vieira fala.
ResponderEliminarUma outra fraqueza minha é que eu não vivia nessa altura em Mtwara para ser capaz de saber se lá havia ou não outro indivíduo com o nome de Lázaro. Esse deve ser o caso de muitos amigos a quem Sérgio Vieira escreve.
O amigo Viriato, parece concordar com uns relatos sobre a alegacão de que Uria Simango que assassinou Eduardo Mondlane, mas não achas que é uma alegacão basicamente política e não jurídica? Para mim, não há ainda factos que provam a culpa de Simango pela morte de Mondlane.
A lógica dos relatos trazem para mim muita dúvida, mas infelizmente parece que para ti não é isso. Será que Barnabé Lucas Ncomo escreveu em alguma passagem que tenha sido Simango que assassinou Mondlane.
Que Eduardo Mondlane fora "capturado" pela ala sulista contra os nortenhos e que houve tensões entre sulistas e os outros aparece em alguns livros por exemplo o de João Cabrita - The Tortuous Road to Democracy, nas páginas 21-23. Tenho as primeiras partes deste livro. Mas há mais coisas também de interesse histórico. As tensões entre correntes políticas dentro da Frelimo - os comunistas e os liberais. As tensões parecem-me ter tido muito mais impacto que as diferencas étnicas, logo depois da morte de Mondlane até os anos 80.
Nunca li a biografia da Janet, mas será que ela escreveu que tinha provas que Urias Simango assassinou o marido? Desde quando é que ela teve essa certeza, se não forjada?
Nao, amigo Reflectindo. Eu nao acusaria Simango num tribunal da morte de Mondlane. Embora intuitivamente acredite que a ala etnica que ele liderava tenha facilitado a circulacao do engenho explosivo. Refiro-me sobretudo aas suas ligacoes com Silverio Nungo e outros. O MRUP que simngo fundou e dirigiu tinha base etnica.
ResponderEliminarSeja como for, a morte de Mondlane nao ee o unico facto que documenta a traicao desse homem. Ha muitos outros e graves factos que configuram traicao. Se o livro de Cabrita ee objectivo e rigoroso deve trazer esses dados. Infelizmente nao o li. Li, no entanto varios outros, incluindo relatos de aquino de Braganca, Nkomo, Helder Martins, biografia da Janeth... Mesmo Nkomo arrola muitos desses factos embora os justifique ideologicamente.
A biografia da Janeth, que nao foi escrita por ela, revela algumas rivalidades serias de Simango com Mondlane. Revela que eles estavam em campos opostos.
Digo isso para desfazer a ideia descabelada segundo a qual Mondlane e Simango seriam aliados contra os comunistas.
As qualificacoes democraticas liberal soo se revelaram na decada 70. Antes disso, Simango era descrito como maoista, uma corrente asiatica do comunismo. Na biografia de Jorge Jardim esse dado estaa patente (Jorge Jardim Agente Secreto). Nkomo refer-se tambem aas tendencias Maoistas de Simango. A sua transfiguracao em adepto da democracia liberal pode configurar um acto de oportunismo politico na tentativa de reganhar o protagonismo perdido
eskeci-me de assinar o comment acima.
ResponderEliminarviriato Tembe
Nao, amigo Reflectindo. Eu nao acusaria Simango num tribunal da morte de Mondlane. Embora intuitivamente acredite que a ala etnica que ele liderava tenha facilitado a circulacao do engenho explosivo. Refiro-me sobretudo aas suas ligacoes com Silverio Nungo e outros. O MRUP que simngo fundou e dirigiu tinha base etnica.
ResponderEliminarSeja como for, a morte de Mondlane nao ee o unico facto que documenta a traicao desse homem. Ha muitos outros e graves factos que configuram traicao. Se o livro de Cabrita ee objectivo e rigoroso deve trazer esses dados. Infelizmente nao o li. Li, no entanto varios outros, incluindo relatos de aquino de Braganca, Nkomo, Helder Martins, biografia da Janeth... Mesmo Nkomo arrola muitos desses factos embora os justifique ideologicamente.
A biografia da Janeth, que nao foi escrita por ela, revela algumas rivalidades serias de Simango com Mondlane. Revela que eles estavam em campos opostos.
Digo isso para desfazer a ideia descabelada segundo a qual Mondlane e Simango seriam aliados contra os comunistas.
As qualificacoes democraticas liberal soo se revelaram na decada 70. Antes disso, Simango era descrito como maoista, uma corrente asiatica do comunismo. Na biografia de Jorge Jardim esse dado estaa patente (Jorge Jardim Agente Secreto). Nkomo refer-se tambem aas tendencias Maoistas de Simango. A sua transfiguracao em adepto da democracia liberal pode configurar um acto de oportunismo politico na tentativa de reganhar o protagonismo perdido
Amigo Viriato, vi daqui há pouco continuaremos o nosso debate, mas antes, publicou hoje um bom subsídio de Barnabé L Ncomo sobre o tema. Clique aqui
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