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domingo, fevereiro 22, 2009

Ser político é sinónimo de ser mentiroso?

Parece haver uma luta de alguns políticos em se desacreditarem a si próprios e fazerem desacreditar o político e a política. Porquê será? Para que o cidadão perca o interesse sobre ele, deixando assim pressionar o político porque sempre é mentiroso?

A nossa própria história recente está cheia de mentiras e oculta factos que muitos cidadãos sabem, viveram e sobreviveram, mas mesmo assim muitos políticos não deixam de dizer barbaridades perante uma multidão a quem deviam dizer a verdade. O pior de tudo, é que as mentiras em Moçambique passam inquestionáveis pelos órgãos de informação. Mas porquê isso é muito possível nesta terra amada?

O que me levou a escrever este texto, é a afirmação da deputada Verónica Macamo, uma deputada de reputação, a afirmar que a vitória de Ossufo Chale em Nacala-Porto é limpa. Para ela reforçar isto e sustentando que não houve fraude, a Verónica Macamo disse ainda que:
“Em Nacala-Porto não estiveram só a Frelimo e a Renamo. Estiveram lá muitos observadores, até os observadores locais e jornalistas. Nós estivemos lá e não vimos nenhuma manifestação de fraude”, disse, apelando ser necessário “crescer” e, se o processo decorreu bem, “deve haver coragem de reconhecer”.

Não choca isto a consciência de um ser racional? Eu pelo menos acho que esta era a oportunidade deVerónica Macamo, em nome da Frelimo, e, até em nome da Nação Moçambicana, distanciar-se dos actos perpetrados e já denunciados de Arsénio Geraldo Joaquim Nkabwebe, Amido Fernando e Antoninho Maia. Estou sozinho a pensar assim? Se ela não se distância deste acto fraudulento e criminoso, não podemos concluir que foi a mando do partido Frelimo? Desta forma, será que é possível convencer-me (a mim) que os únicos actos fraudulentos em Nacala-Porto, foram os detectados pelos observadores? E de que observadores e jornalistas a Macamo fala? Os que fecharam os olhos para não verem o escândalo? Dos que viram tarde de Nampula e sairam cedo de autocarros especiais como Edwin Hounnou chegou de descrever?

Enfim, tenho muitas questões, mas acho muito útil não desanimarmos em cumprir o nosso dever de cidadãos isso concordando como Zacarias Chambe.
P.S: Não adoro muito em dar no blog referâncias de filósofos, mas agora e em voz baixa, recomendo aos interessados a lerem algumas obras da Hannah Arendt.


8 comentários:

  1. Quanto ao posicionamento da Sr Veronica Macamo, eu nao acho necessario se questionar se e ou nao correcto. A questao se coloca quando ha margem de duvidas. Nao e o caso, pois para qualquer cidadao mocambicano ou nao, esta claro ao dizer que as eleicoes foram "limpas" ela cumpre o seu dever como escravo da empresa politica a qual ela pertence e age segamente. Esta claro tambem que para ela mesmo (a Sr V Macamo) as eleicoes nao foram "limpas", como ela diz. Ela cumpriu o seu papel como escravo da empresa politica a qual pertence. A minha questao e: E nos, os cidadaos, verdadeiros donos desta terra "amada", quando e que cumpriremos o nosso dever?

    Citando 1 frase do meu conceptuado professor de Sociologia Politica, direi: "Um estado deficiente pode ressultar duma fraca cidadania". Sera que o cidadao mocambicano tem o sentido de accao colectiva? Ou serao todos uns actores racionais que tomam decisoes em favor dos seus interesses proprios, como argumenta Olson?

    Os empreendedores politicos, os governantes, a classe dominante esta preocupada a reproduzir a sua dominacao. Agindo como a Sr VM agiu, ela o faz pensando que reforca a legitimidade do seu governo e do candidato eleito em Nacala. Se agiu bem ou nao, nao e o que mais interessa. Nos os cidadaos (que temos a forca e o poder de travar as arbitrariedades da ordem politica) temos que comecar a agir. Sair a rua contestar, protestar, manifestar.

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  2. Caro amigo Tsolo, aqui colocas a questão chave de toda a discussão sobre o que foram as eleições e que o meu outro amigo, o Viriato Tembe me desafia a apresentar o meu interesse ao insistir com a questão de fraude. Tentarei dentro dos proximos dias escrever sobre o meu interesse de forma que eu mesmo não sirva de exemplo na série em que o meu irmão Jorge Saiete está a escrever.

    De facto, insisto e tenho quase os dados de todas as fraudes ou indícios de fraudes de desde pelo menos 2003. O que não quero é relegar o meu dever de cidadão, a minha cidadania. Nem sei explicar porquê se bem que estou a lidar com até onde os próprios políticos não querem assumir o dever de cidadãos. Imagine, há fraudes provadas e os Sibindys, Mabotes, Massangos falam coisas que não cabem a um político, como quem pensam que os votos em Nacala por exemplo eram de Chale e dos Santos. Que tipo de políticos são estes?

    Tenho insistido por exemplo que quando discutimos sobre fraude, nunca devemos olhar por Afonso Dhlakama ou Armando Guebuza, Frelimo e Renamo porque estes não são donos dos votos. Os verdadeiros donos são os eleitores, nós os moçambicanos.

    Eu entendo que Verónica Macamo fez e fará o que serve a si e ao seu partido. Mas se ela diz barbaridades como estas é porque sabe em que e para que sociedade ela está a falar. A minha experiência é que numa sociedade onde o cidadão assume o seu dever e goza o seu direito a Verónica Macamo não diria o que disse pois o risco seria de time-out na Assembleia da República. Aliás Verónica Macamo é apenas um exemplo, pois Aiuba Cuereneia teria tido a mesma sorte.

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  3. Concordo plenamente com a tua posicao. Portanto se queremos trabalhar, contribuir para uma maior responsabilizacao dos nossos dirigentes, para maior respeito com a gestao da coisa publica, para reducao das arbitrariedades da elite politica mocambicana, seja ela da oposicao ou do partido no poder, temos que trabalhar no reforco da cidadania. Quando digo reforcar nao estou a falar do teatro que a FDC anda a fazer. Estou a falar dum movimento serio, determinado e fincado na consciencializacao do povo. Ai eu estou interessado e posso ajudar. Podemos trabalhar na organizacao de curso, de palestras, programas de consciencializacao.

    Por exemplo, quantos mocambicanos conhecem o significado do estado? do governo? a diferenca entre o bem publico e privado? i significado do bem publico? quantos conhecem os limites e as responsabilidades do governo? Quantos conhecem e sabem que tem tal e tal direito? A mudanca da percepcao das coisas e a chave secreta para uma forte cidadania.

    O cidadao nao vai protestar enquanto nao perceber o governo, como um conjunto de individuos eleitos (num sistema democratrico) para gerir e defender os seus interesses basicos (seguranca, fertilidade, educacao). E se estes interesses nao forem respeitados, ele pode protestar.

    Por uma forte consciencializacao dos mocambicanos!!!! eu posso dar o meu apoio.

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  4. Claro que ser politico nao e sinonimo de ser mentiroso, mas esse 'fenomeno' acontece frequentemente em Africa, nos outros paises tambem, mas muitos sao deles sao desmascarados, demitidos e é o fim das suas carreiras politicas. Pena que nao haja mais senso e sabedoria em Africa para sabermos escolher os nossos lideres. Precisamos de educar o nosso povo, todos deveriam de saber ler e escrever, isso facilitaria muito aquando da votacao para eleicao de lideres competentes e sabios; ha muito trabalho a desenvolver-se em Africa no campo da educacao, so assim podemos progredir e pensar num futuro prospero para todos. Maria Helena

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  5. É isso, Tsolo & Maria Helena. Mas precisamos de aprofundar ainda o problema da cidadania. Onde é que reside? O sistema de educacão que temos não contribue para uma cidadania passiva em vez de ser participativa? Vejam que nos países nórdicos, até um professor em formacão se concentra em analisar se os livros e programas de ensino têm conteúdos democráticos; se permitem que as criancas, alunos os estudantes influênciem em tudo; se nos programas e livros contém conteúdos sobre a justica; se nas escolas observa-se a justica. Isso para dar alguns exemplos. E assim até nas famílias funciona a justica. Se na família há dois ou três filhos, a distribuicão de doces é por igual. Isso é o mesmo se é para presentes, etc. Será que tudo isto faz mal a um mocambicano?

    Falando sobre educacão cívica, há bom tempo que eu disse que organizacões que nunca tiram capas partidárias não são responsáveis para educar o cidadão.

    A FDC da Graca Machel desmacarou-se durante a "campanha" para o registo eleitoral. A própria Graca Machel mostrou o seu lado anti-democrático.

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  6. Nao me admira essa da Sra. Graca Machel mostrar o seu lado anti-democratico. Essa nunca me enganou... foi casada com um ditador e criminoso. Pobre Mandela, nao sabe o que lhe saiu na lotaria!!! Maria Helena

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  7. Maria Helena disse:
    “Caro Sr. Nuno de Amorim, Nao compreendo porque o senhor tem de ser tao agressivo nas suas postagens; penso que e democratico comentar-se ou criticar-se construtivamente...”

    Realmente a senhora tem sido muito compreensiva e construtiva.

    Maria Helena Disse:
    “Nao me admira essa da Sra. Graca Machel mostrar o seu lado anti-democratico. Essa nunca me enganou... FOI CASADA COM UM DITADOR E CRIMINOSO. Pobre Mandela, nao sabe o que lhe saiu na lotaria!!! Maria Helena.”

    Por acaso consegue encontrar algo de construtivo nesta sua frase? Por acaso esta sua frase é mansa?
    So se recordam da democracia quando o assunto vos atinge.

    Como disse anteriormente, tudo que é contra o Chimbirombiro é agressivo e antidemocratico.
    Avança não há recua.

    Orgulhosamente Moçambicano
    Nuno Amorim

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  8. Eu me habituei as mentiras dos meus politicos e nao me supreendo mais. Nao digo que fico a engolir as mentiras.

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