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domingo, janeiro 25, 2009

Debate sobre um novo partido

Segundo diversos canais da imprensa moçambicana, decorre no país uma ascultação para se saber se há condições para a criação dum novo partido a ser dirigido pelo Daviz Simango. Em alguns blogs como o Diário de um Sociólogo, O Meu Mundo, Mocambique para todos, no portal Imensis, no Paísonline, está decorrente um debate a respeito do assunto.

É mais um fenómeno inédito na história do nosso país, porque os partidos são construidos de cima para baixo. Como diria o nosso amigo José do Debates e Devaneios, o caminho para a formação deste parece ser debaixo para cima, passando por consultas a todas as camadas da nossa sociedade.

Nas discussões, há os que acham que é criar um partido agora é precipitado demais, enquanto que outros acham ser imperativo que se forme um partido para preencher o vazio da Frelimo e Renamo nas eleições vindouras. Estes últimos acham que é necessário constituir-se uma oposição credível antes que a história nos julgue. Imaginemos se os resultados das eleições gerais e provinciais forem semelhantes aos das autárquicas de Novembro passado! Isto significará um regresso ao monopartidarismo em cumprimento de um projecto anunciado ainda em 2007.

Enfim, acho termos aqui um desafio, algo que não nos permite mantermo-nos preguiçosos, conformados, indiferentes e muito menos continuarmos a culpar os outros pelo estado democrático do nosso país.

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4 comentários:

  1. Que haja necessidade dum partido criado em moldes diferentes dos que conhecemos, eu penso que muitos concordam, oque me preocupa continua sendo o "timing" e a "confusao" nas razoes por detras da criacao desse tal partido.
    Parece que pesa o receio que os resultados das proximas eleicoes legislativas seja parecidas aos das ultimas autarquicas oque praticamente significaria uns 2/3 do parlamento para Frelimo. Regresso ao monopartidarismo "so to say".
    Criar um partido baseado nessa premissa é acreditar seguramente que o tal partido poderia conseguir um bom numero de assentos e evitar os tais 2/3 a favor da Frelimo.Nao sei donde se traz essa seguranca.
    Tenho chamado isso de precipitacao. Tenho achado tambem que os que pressionam Deviz, acham que deve-se aproveitar o sucesso que ele foi como independente e as simpatias que grangeou para liderar o tal partido. Sou da opniao que nessa fase Deviz Simango devia se concentrar no seu mandato como edil da Beira.
    Vi num dos comentarios no diario do Dr. Serra que sugere que a semelhanca do que aconteceu nas autarquicas, Deviz devia se candidatar a como independente nas proximas presidenciais. Isso volto a chamar de novo de precipitacao. Nao foi precipitacao no caso das autarquicas porque o voto a favor de Deviz Simango ja estava pronto fazia tempo. Mesmo que ele concoresse pela Frelimo tenho certeza que o votariamos para Edil.

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  2. O que deve se reflectir é:

    Caro Nelson,

    Concordo contigo quanto ao timing, contudo, parece-me que quando falamos de timing não estamos a assumir que este sempre faltará. Também não estamos logo a falar de quem deve trabalhar para tal projecto. Se o estilo de trabalho nesse partido for o dos actuais partidos da oposição, onde tudo se espera pelo Presidente, o tempo está muito apertado. Mas isso não me parece ser.

    Não acho que os que os que propõem Daviz para liderar um partido vem do sucesso que granjeou nas últimas eleições, antes pelo contrário. Tenho a plena certeza que mesmo que Daviz fosse derrotado nestas eleições, acabaria de ser e seria muito mais “pressionado” para liderar um partido. Podemos lembrar de várias discussões em diferentes fóruns. Mais do que outra coisa, Daviz foi preterido pelo Dhlakama exactamente devido as simpatias e projecção e que ele já gozava não apenas na Beira. Só para recordar, uma discussão para Daviz liderar a Renamo já existia nos princípios de 2006 como se pode ler aqui.

    As razões para a criação de um novo partido não é apenas por receio de a Frelimo vir a tornar-se o partido único num multipartidarismo falso. Há muitas razões com certeza e as apurariamos se todos nós pudessemos pôr à mesa as razões por e/ou não um novo partido. A partir daí começariamos por discutir as vantagens e desvantagens.

    Para mim, o receio que tenho para uma Frelimo de volta ao monopartidarismo são as consequências a advir, essas que se sentem mesmo agora. A Frelimo exercerá, mais do que nunca, pressões aos cidadãos, sobretudo, os funcionários públicos, agentes económicos, famintos para portarem o cartão da Frelimo. Isso não é especulação como alguém dirá, mas é o que está acontecendo e está projectado. Células da Frelimo nas instituições públicas menos nos conselhos municipais onde governava a oposição, são uma realidade. Em consequência dos resultados das eleições de Novembro último, já se fala do regresso das células no Conselho Municipal de Nacala Porto. Isso foi publicamente anunciado pelos veteranos como é do conhecimento de todos. Este tipo de pressão (chantagem) até ultrapassa ao que acontecia até em 1990, antes da introdução do multipartidarismo.

    Acima de tudo, é imperativo e urgente para no país se produzir uma oposição credível que possa ser alternativa a governação actual. Será que isso é possível com o tempo que nos resta? Claro que o tempo está apertado, mas dá para iniciar um projecto credível. As pessoas a constuir esse projecto já existem, faltando apenas a sua organização. Portanto, segundo a minha opinião, o que todos os pros precisam-se é organizarem-se.
    Entre outras reflexões sobre se falhar a crição de um novo partido há também a seguinte: em que partido votarão os que definitivamente não querem votar na Frelimo, votavam na Renamo, mas já não querem fazer?

    Quanto aos resultados eleitorais, não há quem tenha certeza absoluta porque não é possível ainda que seja numa fase embrionária do projecto. O mais importante é a determinação de muitos moçambicanos para cortar a projecção de alguns veteranos para o regresso ao monopartidarismo. Em democracias se age assim muitas vezes para cortar pela raíz o indesejável. Na Europa, por exemplo, se mobiliza e organiza em sentido semelhante para reduzir o avanço de partidos pro-nazistas ou racistas. Recordemo-nos do caso de Le Pen, na França, quando em 2002 foi o segundo mais votado. Os franceses não ficaram indiferentes, mas sim, organizaram-se no sentido de evitar que Jean-Marie Le Pen viesse a ser Presidente da República, pois não seria algo fácil para reparar depois.

    Há que sermos flexível!

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  3. Olha Reflectindo, que está aperdado está, mas acredito que mesmo na Frente há indivíduos sensatos que estam se apercebendo que estamos a caminhar para uma direcção errada e que são capazes de fazerem qualquer coisa pelo progresso democrático deste país e Daviz é uma peça chave para isso. Porém, é utópico pensar na candidatura dele como independente exatamente por causa da magnitude dos próximos pleitos.

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  4. Caro Chacate, também penso que é cedo demais em falar-se de candidatura de Daviz a Presidente da República. É inútil ainda em falar-se de candidatura independente. Já lá no Diário de um Sociólogo apresentei o meu ponto de vista sobre isso. Porém interessa sublinhar aqui que não havendo motivos semelhantes aos do caso da Beira quando Daviz Simango foi preterido, é preciso começar-se por formação de um partido que é alicerce de uma organização política.

    Falando de partido, penso que Daviz pode dirigir um partido porque afinal todos os edis em Moçambique, são também políticos. Ainda para as últimas eleições alguns presidentes de partidos, por exemplo, José Palaço e João Machango foram candidatos a edis de Alto Molocué e Matola respectivamente.

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