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sábado, novembro 17, 2007

Chatices ao domingo

A talhe de Foice

Por Machado da Graça

A leitura do jornal DOMINGO é, para mim, semana após semana, uma coisa muito desagradável. É o jornal que, semanalmente, me dá uma má notícia.
É que o Presidente da República farta-se de nos dizer para sermos ricos e eu, tentando cumprir a orientação presidencial, todas as semanas compro bilhetes da Lotaria Nacional, já que, pelo meu trabalho honesto, não vejo forma de lá chegar. E, todas as semanas, ao conferir no DOMINGO a lista dos premiados, verifico que Armando Guebuza vai ter que continuar à espera, mais algum tempo, que eu me junte à lista dos ricaços.
Mas, nos últimos dois números, o DOMINGO, para além desta grande preocupação, trouxe-me mais duas, de menor peso.
Há duas semanas, na página do Bula-bula, fui brindado com um longo comentário a uma crónica minha. Foi um comentário acusador e, por vezes, duro. Com o qual, é lógico, não concordo. Mas, apesar de tudo, foi um comentário escrito em tom educado e em que se debateram ideias. O bula-bulista anónimo expôs as suas, em contradição às minhas, expostas antes nesta coluna. Ele ficou com as dele e eu com as minhas.
A única coisa desagradável é que eu assino as minhas opiniões, permitindo assim que o leitor saiba que aquelas opiniões são de fulano, cuja vida é esta e aquela. Já em relação aos bula-bulistas isso não acontece, sendo os seus textos opiniões de um fantasma nebuloso. E é bastante mau quando os fantasmas nebulosos se metem a dar opiniões pela imprensa.
Agora no seu último número a coisa mudou de figura.
A-propósito da mesma minha crónica saiu do esgoto um fulano que assina os seus textos com o pomposo nome de Kandiyane Wa Matuva Kandiya.
Esse fulano, depois de uma digressão pelo reino dos animais, onde, eventualmente, se sente mais à vontade, começa a falar da minha crónica. E começa, por estranho que isso possa parecer, por lhe traduzir o título para tsonga. Até lhe fico agradecido só lamentando que não tenha feito o mesmo ao resto do texto.
Logo a seguir leva o seu afã tradutivo a traduzir o meu nome também para tsonga. E, a partir daí, trata-me sempre por este nome traduzido. Cada maluco com sua mania, costuma-se dizer...
Mas, para que ele se sinta mais à vontade, eu vou-lhe fazer o mesmo. Vou traduzir aquele nome pomposo por outro mais aportuguesado: João Candiane Cândido. Com a diferença que este é o nome que o tal plumitivo usa, no seu dia-a-dia, quando quer parecer uma pessoa séria. Que usou, por exemplo, quando tomou posse na Autoridade Nacional da Função Pública, dirigida pela irmã da Drª. Luísa Diogo.
E aí vai o bom do João Candiane lançado pelo lamaçal a dentro. Não toca em nenhuma das ideias que desenvolvo no meu texto, mas agarra-se ao facto de eu não ser simpatizante desta FRELIMO e de não ser “moçambicano genuino” para despejar toda uma série de insultos e parvoíces que a sua mente, provavelmente alterada por quaisquer fumos ou vapores, lhe ditou.
Até considerou que eu idolatrava Salazar, vejam só! Eu que lhe posso falar das cadeias e das torturas do fascismo porque as conheci na pele.
E fala do meu “sumptuoso palacete” aqui em Maputo. É já uma fase de delírio grave. Ele que venha cá a casa que eu mostro-lhe o palacete.
E afirma, à boca cheia, que nunca pus os meus “sedosos pés” nos bairros populares da cidade. Talvez se ele for ao Hulene e falar com os moradores que já lá viviam no início dos anos 80, eles lhe contem algumas histórias diferentes. Mas, se não quiser levar os seus sedosos pés até lá pergunte a alguns dos seus camaradas, como Jorge Rebelo ou Daniel Litsuri, por exemplo. Eles lhe dirão umas coisas que não sabe. Quanto aos meus pés, se lhes quiser conhecer a textura sedosa, é só aparecer aqui por perto, mas depois não se queixe de excesso de seda no traseiro.
Sobre os meus “cabelos doirados”, nem sei o que comentar. Nunca foram de tal cor e hoje são totalmente brancos, em grande parte por ter que aturar gente desta. Doninhas fedorentas que empestam o ambiente.
E, já agora, só para terminar, quero dizer que, se é a gente como este João Candiane que está entregue o controlo da Função Pública, estamos feitos. O fulano não é capaz de entender e analisar um texto, faz afirmações sem o mínimo conhecimento de causa e é dos defensores de que há “moçambicanos genuinos” e outros que o não são. Deixo ao leitor a tarefa de adivinhar qual é o critério que o tal Cândido Candiane usa para distinguir uns dos outros.
Quanto à sua estadia em Quelimane, por altura do Nono Congresso, há quem diga que foi ele que deu cabo de quase todos os 60 mil preservativos que foram distribuídos. Aparentemente julgava que eram batatas fritas.
Enfim, chatices de DOMINGO!

Fonte: aqui

3 comentários:

  1. Esse fulano devia demitir-se ou ser demitido das funções de vice-ministro da mulher e acção social pois, o povo do qual ele diz ser um genuino servidor não merece ter como dirigente alguém tão mal educado e repugnante.
    Espero que o Governo tome uma medida com relação a este fulano antes da sessão parlamentar em que o executivo será chamado a apresentar a proposta do plano economico e social para 2008 porque a minha bancada esta tão enfurecida com o ilustre Candiane que não irá desistir de pedir-lhe a cabeça.

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  2. Força, Ismael Mussá e a bancada da R-UE!

    Trabalhem bem nessa de fiscalizar esses senhores para mostrarem o contrário ao Marcelino dos Santos que dizia que eles próprios, os frelimianos, podiam bem se fiscalizar. Eles que não controlam as palavras nem olham pela constituição.

    Queremos uma oposição actuante.

    saudações

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  3. Penso que é a altura de ele nos dizer o critério que usa para distinguir mocambicanos genuinos e não genuinos.

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