Não é destas notícias que eu não teria que registar na sua íntegra neste blogue que se dedica à reflexão sobre Moçambique.
Por má gestão dos fundos da cooperação
“Após meio século constatamos que a Cooperação Internacional regular pública, muitas vezes não resultou num crescimento económico auto-sustentável dos países recipientes. A tarefa mostrou-se muito mais difícil e complicada do que o simples transferir de dinheiro, dar apoio técnico e iniciar projectos” – Carl Hamilton, membro do partido «Falkpartiet»
Um membro do Parlamento Sueco, Carl Hamilton, em representação do partido «Falkpartiet», discursando em sessão plenária daquele órgão, apelou ao corte de financiamento que a Cooperação Internacional sueca tem dado a vários países. O «Canal de Moçambique» obteve uma cópia da dissertação de Hamilton, membro do partido liberal, onde em defesa dos fundos dos seus concidadãos, adverte que “dentro dos próximos 30 anos nenhum País deverá receber ajuda regular da Suécia”. Hamilton sublinha ainda que, de entre esses países dos quais Moçambique faz parte, “em 2040, o mais tardar, a cooperação internacional sueca – com a excepção de ajuda de emergência e de mitigação dos efeitos causados pelas mudanças climáticas, de entre outros, deve terminar”.
O «Canal de Moçambique» foi à chancelaria sueca acreditada na capital Moçambique, e em jeito de esclarecimentos, o seu conselheiro, que se identificou por Sten disse que, “não se sabe se o documento é ou não verídico” mas o certo é que “o documento foi escrito por um membro do parlamento sueco e militante do partido liberal «Folkpartiet»”.
Sten terminou o seu depoimento frisando que “eu penso que a intenção da Suécia não é essa que vem expressa no documento escrito por esse membro do parlamento Sueco e do partido «Folkpartiet»”, mas, isso sim, “continuar a financiar os países carentes”. “Tal como qualquer um esse membro tem direito de expressar a sua opinião”, disse ainda o conselheiro da Embaixada do Reino da Suécia em Maputo
Numa outra passagem do documento subscrito pelo membro do parlamento do Reino da Suécia que suscitou este artigo, Carl Hanilton escreve que a ajuda para qualquer País “deve caminhar no sentido de não mais ser necessária”, mas “a realidade é exactamente o contrário”. “Os governos e as economias dos países recipientes adaptaram-se e ajustaram-se a fluxos contínuos de ajuda”, refere.
Numa clara alusão de que os governos e as economias dos países recipientes dessa ajuda não estão a fazer uma boa gestão dos fundos provenientes de tantas outras Cooperações Internacionais, Carl Hamilton revela que “após meio século constatamos que a Cooperação Internacional regular pública muitas vezes não resultou num crescimento económico auto-sustentável dos países recipientes. A tarefa mostrou-se muito mais difícil e complicada do que o simples transferir de dinheiro, dar apoio técnico e iniciar projectos”.
“A Suécia, juntamente com alguns partidos favoráveis à Cooperação Internacional, como seja o caso do partido liberal «Folkpartiet» deve ser capaz de tirar ilações a partir da experiência dos cerca de 50 anos de cooperação internacional pública. Se não formos capazes de fazer isto, quem mais se vai ressentir são as pessoas a quem a cooperação internacional foi concebida para ajudar”, ressalta Hamilton, de quem estamos a citar o documento na posse deste diário.
Entretanto, Carl Hamilton diz ainda no mesmo documento que “também as instituições ligadas à cooperação internacional, ONG´s, consultores e a vida económica (comércio e indústria) dos países recipientes não estão a corresponder às expectativas dos financiamentos”, razão pela qual “para além ajuda de emergência e de mitigação dos efeitos causados pelas mudanças climáticas, a cooperação internacional deve estender a sua ajuda a actividades militares”, mas “este tipo de operação não pode ser financiado através dos fundos da cooperação Internacional. Esta limitante não faz sentido. A Suécia deve abandonar atitudes paradigmáticas, de posições ortodoxas e ultrapassadas no tempo com a fixação de metas de um por cento definida pelo DAC (Comité de Apoio ao Desenvolvimento)”.
“A longo prazo o desenvolvimento de cada País depende dele mesmo. Sem recursos, o compromisso de proteger transforma-se num pronunciamento bonito mas vazio”, cita o documento.
(Emildo Sambo) - CANAL DE MOÇAMBIQUE - 26.10.2007
Todos sabem que hoje é cada vez mais dificíl ter dinheiro disponível na conta. Na europa, o dito "monstro orçamental" aumenta de ano para ano. Ao ajustar-se a idade para se atingir a reforma, aumentando-a, os riscos continuam a persistir para muitos pensionistas no futuro. A solução, segundo alguns estudos, é o trabalho de imigrantes e a interiorização dos muitos biliões de dólares perdidos em África. Por conseguinte, África já devia ter em sua posse estudos macroeconómicos para se encontrar consigo própria, não procurando apenas ser um espaço aberto e com poucas ou nenhumas soluções de receitas fiscais internas, dinamizadas pelo sector informal.
ResponderEliminarCarl Halmiton está dizer bem, tal igual os bons analistas africanos como o economista queniano James Shikwati tem afirmado. Os doadores devem passar a pensar bem.
ResponderEliminarCaros,
ResponderEliminarMuito obrigado pela visita e comentários.
O meu sentimento é o mesmo, falta de lideranca com visão de construir uma África economicamente independente. Muitos dos nossos líderes pensam que os países ricos eternamente drenarão dinheiro para África. Não sabem que na própria Europa debate-se hoje com questão de poupanca e com o problema de quem produzirá a riqueza. Que há agora muitas vozes contra essa drenagem? Para os nossos líderes chega se eles parecem ricos, como Mia Couto costuma dizer.
O nosso país teve a sorte de receber muito dinheiro depois do Acordo Geral de Paz e que podia ter feito muitos mais do que verificamos, mas não é isso. Em grande parte alimenta só corruptos. Quanto ao dinheiro sueco temos muitos exemplos concretos, daí que o Carl Halmiton tem muita razão. Quantos foram detectados em Mocambique que usaram as coroas suecas fraudulentemente, mas andam aí impunes?