No jornal Notícias, na sua edição de 2 de Outubro, publicou-se o artigo abaixo, de opinião de Jossias Rulane, o qual achei importante para registar neste blogue para querendo-se, discutirmos sobre as constatações e reflexões daquele compatriota. Aliás, se de facto somos por desenvolvimento, este tipo de reflexão é importante, por isso, vamos debater.
Por JOSSIAS RULANE
Problema do desemprego é sério no país
SR. DIRECTOR!
Agradeço a gentileza de V. Excia em autorizar a publicação desta minha reflexão sobre um dos problemas que afecta grande parte de cidadãos activos deste país, que é a questão do desemprego. O Governo de Moçambique está a aplicar-se a fundo na atracção para o país, de grandes médios e pequenos investimentos, numa medida que visa contribuir para a criação de postos de trabalho para o seu povo.
O empresariado nacional também não tem poupado esforços no sentido de produção de iniciativas empresariais com o objectivo de criar riqueza e desenvolvimento. Estes pequenos e grandes empreendimentos contribuem para a redução do desemprego, ainda que seja em pequena escala.
O sector informal, sem dúvidas nenhumas, tem igualmente contribuído em grande medida na criação de postos de trabalho para muitos nossos concidadãos, tanto urbanos como rurais.
Nos debates sobre o desenvolvimento do sector empresarial, coloca-se quase que sempre, a falta de financiamento, falta de experiência, falta de mão-de-obra qualificada e outros factores externos tais como a liberalização dos mercados, como sendo as principais causas do fraco desenvolvimento deste sector.
Contudo, existe um outro factor que contribui em grande medida para a redução das iniciativas que poderiam contribuir para aumentar a oferta de oportunidades de emprego para muitos, o que de certa medida poderia reduzir o nível de carências nas famílias criando deste modo o sentido de auto-estima.
A falta de cultura de trabalho constitui o principal nó de estrangulamento. Os moçambicanos trabalhadores honestos são capazes de concordarem comigo nesta matéria. Daí que trago este assunto para um debate público, esperando que os próprios pobres, empregados e desempregados possam dar as suas contribuições para a solução deste problema que considero chave para a redução da pobreza.
Os proprietários do transportes semicolectivos de passageiros sempre lamentam que este trabalho não dá lucros, mas em contrapartida os seus trabalhadores, motoristas e cobradores movimentam avultadas somas de dinheiro, retiradas das receitas, numa clara atitude deliberada de lesar os seus empregadores. Por outro lado, quando viajamos pelas estradas que constituem os grandes corredores, encontramos sempre pessoas a venderem combustível e lubrificantes, que na sua maioria são retirados pelos próprios motoristas e ajudantes dos camiões de longo curso, em prejuízo dos seus patrões.
Muitos há, que chegaram à triste conclusão de que trabalhar com familiares só dá prejuízo. Porque, no lugar de se concentrarem no trabalho, fazem desmandos por confiar que o patrão é meu pai ou primo, produzindo como não, isto é nosso.
Em várias lojas, quando um cliente entra, a pessoa que atende se aproxima e começa a perguntar-lhe se quer isto ou aquilo, venha mais tarde eu vou te dar lá fora ao preço mais baixo. Numa atitude que lesa profundamente o seu patrão que, muitas vezes, acaba por não desenvolver e poder criar oportunidades para outros se beneficiarem.
A nível da cidade de Maputo, se tiver que se fazer transportar no mesmo autocarro ou “chapa 100” que vem da zona periférica para o centro da cidade, das 5.30 as 6.30 horas, de uma maneira geral, frequentados por trabalhadores domésticos, as conversas que se desenvolvem são muito desanimadoras, para quem tem um ou uma empregado/a em sua casa. Todas as conversas giram à volta daquilo que cada um consegue retirar ilicitamente dos seus patrões, desde comida, dinheiro, roupa e outros bens. Outros falam das suas capacidades de manipular e mesmo de seduzirem os seus patrões.
Estes são apenas alguns exemplos daquilo que disse anteriormente, que é a falta de cultura de trabalho de uma grande parte dos moçambicanos que estão a trabalhar quer no sector privado, quer no aparelho de Estado.
Por JOSSIAS RULANE
Problema do desemprego é sério no país
SR. DIRECTOR!
Agradeço a gentileza de V. Excia em autorizar a publicação desta minha reflexão sobre um dos problemas que afecta grande parte de cidadãos activos deste país, que é a questão do desemprego. O Governo de Moçambique está a aplicar-se a fundo na atracção para o país, de grandes médios e pequenos investimentos, numa medida que visa contribuir para a criação de postos de trabalho para o seu povo.
O empresariado nacional também não tem poupado esforços no sentido de produção de iniciativas empresariais com o objectivo de criar riqueza e desenvolvimento. Estes pequenos e grandes empreendimentos contribuem para a redução do desemprego, ainda que seja em pequena escala.
O sector informal, sem dúvidas nenhumas, tem igualmente contribuído em grande medida na criação de postos de trabalho para muitos nossos concidadãos, tanto urbanos como rurais.
Nos debates sobre o desenvolvimento do sector empresarial, coloca-se quase que sempre, a falta de financiamento, falta de experiência, falta de mão-de-obra qualificada e outros factores externos tais como a liberalização dos mercados, como sendo as principais causas do fraco desenvolvimento deste sector.
Contudo, existe um outro factor que contribui em grande medida para a redução das iniciativas que poderiam contribuir para aumentar a oferta de oportunidades de emprego para muitos, o que de certa medida poderia reduzir o nível de carências nas famílias criando deste modo o sentido de auto-estima.
A falta de cultura de trabalho constitui o principal nó de estrangulamento. Os moçambicanos trabalhadores honestos são capazes de concordarem comigo nesta matéria. Daí que trago este assunto para um debate público, esperando que os próprios pobres, empregados e desempregados possam dar as suas contribuições para a solução deste problema que considero chave para a redução da pobreza.
Os proprietários do transportes semicolectivos de passageiros sempre lamentam que este trabalho não dá lucros, mas em contrapartida os seus trabalhadores, motoristas e cobradores movimentam avultadas somas de dinheiro, retiradas das receitas, numa clara atitude deliberada de lesar os seus empregadores. Por outro lado, quando viajamos pelas estradas que constituem os grandes corredores, encontramos sempre pessoas a venderem combustível e lubrificantes, que na sua maioria são retirados pelos próprios motoristas e ajudantes dos camiões de longo curso, em prejuízo dos seus patrões.
Muitos há, que chegaram à triste conclusão de que trabalhar com familiares só dá prejuízo. Porque, no lugar de se concentrarem no trabalho, fazem desmandos por confiar que o patrão é meu pai ou primo, produzindo como não, isto é nosso.
Em várias lojas, quando um cliente entra, a pessoa que atende se aproxima e começa a perguntar-lhe se quer isto ou aquilo, venha mais tarde eu vou te dar lá fora ao preço mais baixo. Numa atitude que lesa profundamente o seu patrão que, muitas vezes, acaba por não desenvolver e poder criar oportunidades para outros se beneficiarem.
A nível da cidade de Maputo, se tiver que se fazer transportar no mesmo autocarro ou “chapa 100” que vem da zona periférica para o centro da cidade, das 5.30 as 6.30 horas, de uma maneira geral, frequentados por trabalhadores domésticos, as conversas que se desenvolvem são muito desanimadoras, para quem tem um ou uma empregado/a em sua casa. Todas as conversas giram à volta daquilo que cada um consegue retirar ilicitamente dos seus patrões, desde comida, dinheiro, roupa e outros bens. Outros falam das suas capacidades de manipular e mesmo de seduzirem os seus patrões.
Estes são apenas alguns exemplos daquilo que disse anteriormente, que é a falta de cultura de trabalho de uma grande parte dos moçambicanos que estão a trabalhar quer no sector privado, quer no aparelho de Estado.
Existe um outro grave problema do moçambicano no trabalho, que é o facto de nunca denunciarem os seus colegas. Por exemplo, no trabalho da minha namorada, toda a gente sabia que a contabilista desviava fundos, mas nunca a denunciaram. O chefe directo dela também se aproveitava de ter quem culpar para andar a desviar outro tanto.
ResponderEliminarO resultado é que os colegas ficaram vários meses sem salário, e essa senhora apenas foi despedida, e lá montou a sua casita à custa da parvoice dos colegas... e ainda ficou toda ofendida por não lhe terem pago o último mês. O chefe também continua a ganhar o seu, e comprou uma pickup nova e sabe-se lá que mais.
Caro anónimo, muito obrigado pela contribuicão neste tema que penso que todos com bom senso deviariam se dedicar à reflexão. Está aí o caso das Oliveiras que penso estar ligado ao que você toca neste comentário. No trabalho é para roubar e ninguém reclama ou denuncia. Ninguém quer entender do que os roubos resltaram. Pensa-se que o investidor trará dinheiro, sei lá donde, para pôr a andar uma empresa a saque. O nosso Estado tem também a mesma sorte.
ResponderEliminarAbraco
Particularmente ao nivel de estado, quem também tem uma grande parte da culpa do "estado da nação" em todos os paises africanos é todos os paises que oferecem dinheiro e bens a Àfrica. Com essas muletas, as pessoas e principalmente os dirigentes habituam-se a viver das davidas que caem do ceu, e não produzem riqueza e trabalho. Só com uma indústria de (maus) serviços não vamos lá... há que produzir para gerar riqueza.
ResponderEliminarAinda recentemente contaram-me uma história, que o governo sueco estava mais que pronto a financiar uma ponte entre Maputo e Catembem, mas com a condição de serem eles a gerir o projecto e principalmente o dinheiro. O estado recusou a oferta por não poder gerir o dinheiro. A ser verdade esta história, que infelizmente não me espanta nestas bandas, qualquer individuo tira as suas conclusões.
Para finalizar, chocou-me também recentemente ler que em Inhambane a população de pescadores acha que é dever das firmas que exploram camarão de lhes trazerem peixe... porque a desgraça do moçambicano será eternamente culpa dos outros, e acha ele que os outros é que tem obrigação de andar a trabalhar para ele???
Caro anónimo
ResponderEliminarMais uma vez obrigado. Vou ter que actualizar este tema e procurar enquadrar o seu comentário nessa postagem. Quero com isso que muitos dos visitantes leiam e participem na discussão sobre um tema muitíssimo importante para o desenvolvimento do nosso país. Aliás, eu ao postar o tema sobre a declaracão de falência das Oliveiras, queria recordar a todos sobre este tema.
Saudacões amigáveis