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segunda-feira, julho 30, 2007

Não têm os mocambicanos o direito à verdade? (2)

Quando Carmelita Namashulua, membro do Comité Central da Frelimo para os assuntos Parlamentares e Autarquias, clamou no Jornal Notícias que o bom trabalho do Daviz Simango resulta dos recursos tanto finceiros como materiais que tem sido alocados pelo Governo da Frelimo e seus parceiros internacionais, fico completamente estupefacto.

Não penso que seja do desconhecimento dela que a atribuição de verbas aos municípios é um dos deveres do governo central. Não penso que a Carmelita Namashulua não saiba que o dinheiro alocado aos municípios provêm do cofre do Estado e não do seu partido. Não penso que ela desconheça que o seu partido não é o Estado. Não penso que ela desconheça que o dinheiro doado pelos os parceiros internacionais é ao povo e não ao seu partido. Não penso que ela desconheça que a Frelimo entanto que governo é apenas canal dos donativos dos parceiros internacionais de Moçambique e não dona deles. Não penso que ela desconheça que aquilo que constitui dívida (externa) é e será pago por todos os moçambicanos, independemente do partido que pertencem.

Então, porquê dizer aquelas coisas para um jornal, sabendo que muitos com noção de estado vão ler? Quando Machado da Graça, no seu espaço de crónicas, “A talhe de foice”, escreveu que houve um responsával distrita que numa reunião da região norte, clamava sempre nos seus discursos que as estradas, as escolas, os hospitais, etc, eram da Frelimo, houve pessoas que não acreditaram. Contudo, este artigo mais um outro em que Cremilda Sabino, a recém-nomeada administradora da cidade da Beira, “advertia” a Daviz Simango, clamando pelos 90 % do orçamento municipal provenientes do Estado, prova as constatações do escriba Machado da Graça. Esta música vai tocando ao alto assim as eleições se aproximam, procurando-se enganar o eleitor que o dinheiro do Estado e dos parceiros internacionais é da Frelimo.

Todavia, não é apenas isto que me estupefaz. Há ainda alguns pontos mais. A alocação de recursos do Estado não é só ao Município da Beira, mas sim a todos os 33, sendo o seu uso racional e com responsabilidade, uma questão de cada presidente ou edilidade. Daí, não vejo razão da Carmelita clamar que o melhor desempenho do Daviz Simango resulta dos recursos financeiros e materiais alocados pelo governo central e os nossos parceiros internacionais. O melhor desempenho do Daviz Simango resulta das suas altas capacidades de governação e elas não devem ser menosprezadas tanto pelo seu partido Renamo como pelo governo da Frelimo. Antes, nós todos, independentemente das nossas cores partidárias, deviamos dar a estas capacidades uma grande consideração, um grande valor, uma maior estima. O bom trabalho do Daviz Simango é o orgulho de todos os moçambicanos e por essa razão deviamos capitalizá-lo. Quando assim não fazemos até os nossos parceiros podem começar a duvidar-nos. Eles podem chegar a conclusão que não estamos de certo modo interessados à boa governação, ao desenvolvimento do nosso país, em resolver os problemas que grassam no nosso país. Pois, isto é só possível com quadros com capacidade governativa, com vontade e interesse de servir o povo. É possível com a racionalização desses quadros.

Se houve algum programa útil anteriormente desenhado que Daviz Simango está a pôr em prática, deve-se com certeza às suas boas capacidades, pois se ele não as tivesse teria cometido uma ruptura de governação, começando tudo do zero como aconteceu em 1975. Mas falar do Chivavisse Muchangage faz-nos lembrar do seu executivo corrupto e do mau funcionamento do nosso sistema judicial. O que a Carmelita Namashulua não disse e que deveria ter dito para o bem da nação é que Chivavisse Muchangage, ex-edil da Beira, tem um processo que esteve desde há anos sob investigação da pela Brigada Anti-Corrupção da Procuradoria Geral da República. Canal de Mocambique já fez um bom serviço ao, na sua edição de 23.02.2006, recordar-nos deste caso ainda não concluído já vão agora quatro anos. Haverá alguma pressão política?

Também o boletim de Awepa faz alguma alusão da corrupção no executivo de Chivavisse Muchangage como se pode ler. “...a transição mais complicada talvez seja a da Beira. O problema mais grave é que os fundos de um programa de infrastruturas do Banco Mundial, que tinha pago por obras importantes, foi suspenso por alegada corrupção da anterior administração da Frelimo. A Renamo está furiosa, alegando que a única vez que o dinheiro do Banco Mundial é suspenso devido a corrupção da Frelimo, é quando quem vem a seguir é a Renamo.” (Boletim de Awpa Número 30 – 27 de Agosto de 2004 pág. 14). Esta verdade crua, faz-nos entender que de facto o edil Daviz Simango foi muito mais prejudicado que beneficiado pela corrupção no executivo de Chivavisse Muchangage.

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