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sábado, dezembro 16, 2006

Substancial ganho para a RENAMO

COM A REALIZAÇÃO DO IX CONGRESSO DA FRELIMO EM QUELIMANE

O chefe da bancada da RENAMO-União Eleitoral na Assembleia Municipal de Quelimane, na Zambézia, José Horácio Lobo, entende que a realização, este mês naquela cidade, do IX Congresso do partido FRELIMO, trouxe “um substancial ganho político” para o partido liderado por Afonso Dhlakama, porquanto os “camaradas” para lá foram “apenas retirar dúvidas àqueles que ainda não conheciam a sua verdadeira característica”.

Numa avaliação que contrasta com muitas segundo as quais o evento poderá resultar na conquista dos corações dos naturais daquela província que sempre votou maioritariamente na RENAMO e no seu presidente em todos os escrutínios até aqui registados, Lobo frisa que, “mesmo aqueles que não acreditavam quando dizíamos que o partido FRELIMO é dominado por uma elite minoritária que se refastela dos recursos de Moçambique, enquanto o povo subsiste miseravelmente, puderam constatar o luxo e o desbarato exibidos durante o IX Congresso dos camaradas”.

Diz-se que os residentes da cidade de Quelimane tiveram a oportunidade de apreciar a mais reluzente frota de veículos automóveis jamais vista na urbe onde foram movimentados perto de cem mil preservativos masculinos (60 mil dos quais doados por um único fornecedor aos congressistas).

Carne para mosquitos

Em declarações ao Correio da manhã em Quelimane, Lobo acrescenta que, duas semanas antes do início do congresso, a cidade passou a ser diariamente pulverizada contra o mosquito, “mas desde o passado dia 08 de Novembro corrente o povo chuabo voltou a ser alimento dos mosquitos e exposto à malária”. “As ruas que às pressas tentaram reabilitar, e mal, estão de novo a esburacar-se e as lâmpadas que haviam sido colocadas nos candeeiros de iluminação das vias públicas estão a sumir e não se nota nenhuma reposição”, prossegue o homem que aderiu à RENAMO há sensivelmente cinco anos.

Nascido no distrito interior do Alto Mulócuè há precisamente meio século e hoje pai de quatro filhos, o nosso interlocutor já está a cobrar os resultados da reunião magna da FRELIMO terminada há sensivelmente duas semanas e argumenta: “Não estamos a ver nenhum resultado positivo desse encontro para o povo. Apenas vieram tratar da vida deles, causar problemas em diversos lares de Quelimane em particular e até o dinheiro quase todo regressou a Maputo”.

Esta quarta-feira, o deputado da FRELIMO na Assembleia da República Hermenegildo Gamito rejubilou pela forma como decorreu a reunião suprema do partido fundado na base do movimento de libertação arquitectado por Eduardo Mondlane, afirmando que “até as palmas das palmeiras batiam palmas” (sic) ao evento.

Na próxima semana, o partido FRELIMO despacha para diversos pontos de Moçambique brigadas com o objectivo expresso de divulgar, junto da população, as decisões saídas do seu IX Congresso, segundo fonte sénior do partido no poder desde que Moçambique ascendeu à Independência em 1975.

Acusações e fingimentos

Prossegue afirmando que, para além de “trocar acusações e fingir algum entendimento entre as alas antagónicas dentro da FRELIMO, provocaram divórcios porque muitas esposas de quelimanenses passaram noites a servir os congressistas, a alguns ainda estão por pagar a prestação de diversos serviços, para além de que os negócios e outras prestações proporcionados aos participantes no ‘conclave’ foram comprados em Maputo, por isso o dinheiro para lá foi”.

“Os zambezianos que ainda duvidavam da verdadeira postura e conduta da FRELIMO puderam testemunhar o seu carácter belicista: trouxeram, não sabemos para quê, um aparato militar espantoso e perturbaram a rotina dos quelimanenses que até eram proibidos de usar a sua bicicleta. Em resumo, este congresso foi benéfico para a RENAMO”
, enfatiza Lobo.

Não há números exactos, mas consta que, no IX Congresso do partido FRELIMO, foram gastos nos seis dias que durou a reunião perto de cinquenta biliões de meticais, resultantes de doações, leilões e contribuições dos militantes.
CORREIO DA MANHÃ(Maputo) – 30.11.2006

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