A eleição de Filipe Paúnde para o cargo de secretário geral da FRELIMO é um dos assuntos que dominam as conversas de café e esquina na cidade da Beira, onde este, em 1999, ascenderia ao cargo de 1º secretário provincial da FRELIMO em Sofala.
Embora tendo-se iniciado em Manica, donde é natural, foi em Sofala que o novo SG ganhou visibilidade. De trato afável e cordial, cá em Sofala teve as suas glórias e dissabores. Das suas glórias referimo-nos aos esforços que desenvolveu na radicação do partido em todos os pontos, nomeadamente vilas e postos administrativos.
Quanto aos dissabores, em Agosto de 2003, foi atribuída a Paúnde a responsabilidade sobre a retirada da candidatura de Lourenço Bulha à presidência do Município da Beira, que se apresentava como forte concorrente de Daviz Simango, o que lhe valeu críticas no partido, sabido que Djalma Lourenço, a quem ele apoiou, viria a sofrer um estrondoso desaire frente ao engenheiro Simango.
Entre o período de 1999 a 2005 em que encabeçou o partido, viria a deparar-se com outras clivagens, caso dos cinco membros que forjaram o cartão da RENAMO para incriminar politicamente José Juga, que ainda assim viria a ser eleito primeiro secretário da FRELIMO na cidade da Beira. Foi o mesmo Juga que, em 2004, viria a ser pressionado para deixar o referido cargo, o que, mais tarde, acabaria com a sua renúncia ao “n’goma e maçaroca”.
É de certo modo conhecida a postura conservadora do novo SG da FRELIMO, para quem “a oposição atrasa o desenvolvimento e não há um partido à altura de dirigir o país”.
Colisão com o arcebispo
O actual SG também entrou em rota de colisão com o arcebispo da Beira, D. Jaime Pedro Gonçalves, a quem acusou de promover campanha em prol da RENAMO, nas vésperas das eleições gerais de 2004.
Paúnde esteve à frente da FRELIMO em Sofala numa altura em que Guebuza era chefe da brigada do partido nesta província, daí classificarem-no de homem de mão do actual presidente do partido (Armando Guebuza) por ser obediente às instruções que este lhe dava. Nestes termos, é defensor do relacionamento do partido com as bases, sendo avesso à permanência da guarda de Afonso Dhlakama em Cheringoma e Marínguè, classificando esta atitude de “método de guerra”.
Outro ponto que caracteriza o conservadorismo de Paúnde é a apologia que o mesmo fazia em 2003/4 afirmando que “todos os municípios devem estar nas mãos da FRELIMO”. Ora, tendo em conta que a meta da FRELIMO é “desalojar” a RENAMO do seu bastião, não será menos verdade que uma das cartadas que ele irá jogar é a perspectiva de conversão dos sofalenses de modo a apoiarem os “camaradas”.
Paúnde é conhecido também como “bom vivant”, pois é amante de ambientes sociais e preza as saias para o galanteio. Uma das suas experiências de fazer a corte chegou mesmo à Presidência da República, que teve que despachar uma directora para a província da Zambézia.
Contactámos dois cidadãos para se pronunciarem sobre a eleição de Paúnde para o cargo de SG. O primeiro a pronunciar-se foi Joaquim José, que disse “Paúnde só pode servir os desígnios políticos do partido, pois o lugar que lhe tinham oferecido em Nampula não lhe dava nenhum à-vontade. O seu potencial está resguardado na área política. Como tecnocrata, mesmo quando passou por administrador de Búzi, nunca foi brilhante.”
Outro, identificado por Manuel Gemuce, fez notar que “em Nampula Paúnde estava mal colocado, pois uma província que está em pleno crescimento contrasta com a sua visão bastante conservadora, onde tudo deve girar em torno do partido. Foi o que se viu na recente briga que levantou na Ilha de Moçambique. Ele pensa como a FRELIMO. No lugar onde está acredito que terá grande mobilidade”.
Exactamente em Nampula, o nosso colaborador dá conta que Paúnde “confundiu frequentemente a política com a governação”. Também lhe é apontada a característica de ser burocrata, embora tentasse ser flexível na tramitação das “papeladas” que lhe eram destinadas.
É apontado como sendo muito influenciável por colaboradores directos, mas implacável quando toma uma decisão, mesmo que reconheça posteriormente que estava errado.
* com colaborador em Nampula - SAVANA - 24.11.2006
Embora tendo-se iniciado em Manica, donde é natural, foi em Sofala que o novo SG ganhou visibilidade. De trato afável e cordial, cá em Sofala teve as suas glórias e dissabores. Das suas glórias referimo-nos aos esforços que desenvolveu na radicação do partido em todos os pontos, nomeadamente vilas e postos administrativos.
Quanto aos dissabores, em Agosto de 2003, foi atribuída a Paúnde a responsabilidade sobre a retirada da candidatura de Lourenço Bulha à presidência do Município da Beira, que se apresentava como forte concorrente de Daviz Simango, o que lhe valeu críticas no partido, sabido que Djalma Lourenço, a quem ele apoiou, viria a sofrer um estrondoso desaire frente ao engenheiro Simango.
Entre o período de 1999 a 2005 em que encabeçou o partido, viria a deparar-se com outras clivagens, caso dos cinco membros que forjaram o cartão da RENAMO para incriminar politicamente José Juga, que ainda assim viria a ser eleito primeiro secretário da FRELIMO na cidade da Beira. Foi o mesmo Juga que, em 2004, viria a ser pressionado para deixar o referido cargo, o que, mais tarde, acabaria com a sua renúncia ao “n’goma e maçaroca”.
É de certo modo conhecida a postura conservadora do novo SG da FRELIMO, para quem “a oposição atrasa o desenvolvimento e não há um partido à altura de dirigir o país”.
Colisão com o arcebispo
O actual SG também entrou em rota de colisão com o arcebispo da Beira, D. Jaime Pedro Gonçalves, a quem acusou de promover campanha em prol da RENAMO, nas vésperas das eleições gerais de 2004.
Paúnde esteve à frente da FRELIMO em Sofala numa altura em que Guebuza era chefe da brigada do partido nesta província, daí classificarem-no de homem de mão do actual presidente do partido (Armando Guebuza) por ser obediente às instruções que este lhe dava. Nestes termos, é defensor do relacionamento do partido com as bases, sendo avesso à permanência da guarda de Afonso Dhlakama em Cheringoma e Marínguè, classificando esta atitude de “método de guerra”.
Outro ponto que caracteriza o conservadorismo de Paúnde é a apologia que o mesmo fazia em 2003/4 afirmando que “todos os municípios devem estar nas mãos da FRELIMO”. Ora, tendo em conta que a meta da FRELIMO é “desalojar” a RENAMO do seu bastião, não será menos verdade que uma das cartadas que ele irá jogar é a perspectiva de conversão dos sofalenses de modo a apoiarem os “camaradas”.
Paúnde é conhecido também como “bom vivant”, pois é amante de ambientes sociais e preza as saias para o galanteio. Uma das suas experiências de fazer a corte chegou mesmo à Presidência da República, que teve que despachar uma directora para a província da Zambézia.
Contactámos dois cidadãos para se pronunciarem sobre a eleição de Paúnde para o cargo de SG. O primeiro a pronunciar-se foi Joaquim José, que disse “Paúnde só pode servir os desígnios políticos do partido, pois o lugar que lhe tinham oferecido em Nampula não lhe dava nenhum à-vontade. O seu potencial está resguardado na área política. Como tecnocrata, mesmo quando passou por administrador de Búzi, nunca foi brilhante.”
Outro, identificado por Manuel Gemuce, fez notar que “em Nampula Paúnde estava mal colocado, pois uma província que está em pleno crescimento contrasta com a sua visão bastante conservadora, onde tudo deve girar em torno do partido. Foi o que se viu na recente briga que levantou na Ilha de Moçambique. Ele pensa como a FRELIMO. No lugar onde está acredito que terá grande mobilidade”.
Exactamente em Nampula, o nosso colaborador dá conta que Paúnde “confundiu frequentemente a política com a governação”. Também lhe é apontada a característica de ser burocrata, embora tentasse ser flexível na tramitação das “papeladas” que lhe eram destinadas.
É apontado como sendo muito influenciável por colaboradores directos, mas implacável quando toma uma decisão, mesmo que reconheça posteriormente que estava errado.
* com colaborador em Nampula - SAVANA - 24.11.2006
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