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segunda-feira, fevereiro 27, 2006

SIDA: Não é controlando vestuário que se trava a epidemia - defende «Forum Mulher»

(Maputo) O «Fórum Mulher», como rede de organizações de mulheres manifestou o seu repúdio total a qualquer posição ou visão que pretenda responsabilizar as mulheres pela expansão da epidemia da SIDA em Moçambique. “Recusamos de forma terminante que as vítimas de agressão sexual possam ser responsabilizadas pelo comportamento do agressor. O mito de que o homem é uma «besta» que não se pode dominar quando vê o corpo feminino é usado quer para justificar o controle sobre os corpos das mulheres, quer para passar a culpa do agressor para a vítima”, afirma àquela ONG pelo punho da sua presidente do Conselho de Direcção, Terezinha Silva.“Somos a favor da igualdade de direitos e do respeito pelos direitos sexuais e reprodutivos de homens e de mulheres. Com responsabilidade, com liberdade e com respeito no exercício destes direitos, nós todos seremos capazes de travar a epidemia do SIDA”, defende o Fórum Mulher.

“A expansão da SIDA está estreitamente relacionada com os padrões comportamentais e com as práticas sexuais” e “dada a estrutura de poder na sociedade, as mulheres têm menos controle do seu corpo e da sua sexualidade, o que faz com que mesmo sabendo quais são os meios de defesa contra a contaminação, não os podem pôr em prática. Com efeito, em geral, as raparigas e as mulheres quase nunca podem dispor do seu próprio corpo e decidir quando, como e com quem devem ter relações sexuais”, adianta aquela ONG.

A indignação do «Forum Mulher» manifestada em comunicado, resulta do facto de, “no passado dia 16 de Fevereiro de 2006, o Presidente da República, Armando Guebuza, numa iniciativa visando congregar esforços no combate ao HIV/SIDA” ter realizado “um encontro com organizações de mulheres implicadas na luta contra esta epidemia” e nessa reunião “de extrema importância por revelar o compromisso e o interesse das mais altas chefias do país, várias activistas” terem exprimido “diversos pontos de vista que reflectiam as suas experiências” a que, “em vez de dar(em) conta de toda a riqueza do debate, a maioria dos órgãos de comunicação social escolheu divulgar uma visão monolítica e redutora do evento”.

“Foi assim que, na semana passada, o público tomou conhecimento” através de “certos” órgãos de comunicação social de que “«as organizações de mulheres» defendiam que uma das vias de combate ao SIDA era o controlo da maneira como as jovens se vestem, de modo a evitar que com a exposição dos seus corpos elas «provoquem» os homens, levando-os a cometer «desvios de comportamento»”.

A «Forum Mulher» prossegue o seu manifesto de indignação contra alguns dos órgãos de informação existentes no País que veicularam aquilo que considera uma visão disturcida do que se passou no encontro com Guebuza e afirma no seu comunicado que “na descrição destes «desvios» estão a violação e o assédio sexual, o adultério, etc. Em consequência, propunha-se a elaboração de leis que controlassem o vestuário das raparigas e das mulheres.

O «Forum Mulher» está contra e defende que “a expansão da SIDA está estreitamente relacionada com os padrões comportamentais e com as práticas sexuais” e que “ dada a estrutura de poder na sociedade, as mulheres têm menos controle do seu corpo e da sua sexualidade, o que faz com que mesmo sabendo quais são os meios de defesa contra a contaminação, não os podem pôr em prática. Com efeito, em geral, as raparigas e as mulheres quase nunca podem dispor do seu próprio corpo e decidir quando, como e com quem devem ter relações sexuais. (x)
Fonte: Canal de Mocambique, 2006-02-27 07:36:00

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